I. A ARMA DOS PODEROSOS
A intençăo dos poderosos
1.
Era o décimo segundo ano do reinado de
Nabucodonosor, rei da Assíria, em Nínive, a capital. Nesse tempo, Arfaxad
reinava sobre os medos em Ecbátana.
2. Arfaxad cercou Ecbátana com muralhas feitas com pedras de um metro e
meio de largura por tręs de comprimento. A altura da muralha era de trinta e
cinco metros, e a largura era de vinte e cinco metros.
3. Sobre as portas, levantou torres com cinqüenta metros de altura e
trinta metros de largura na base.
4. Fez as portas com trinta e cinco metros de altura e vinte de largura,
para que os soldados do seu exército pudessem sair, e a infantaria fazer suas
evoluçőes.
5. Por esse tempo, o rei Nabucodonosor guerreou contra o rei Arfaxad na
grande planície, que se encontra no território de Ragau.
6. Os habitantes da montanha, todos os habitantes das regiőes do
Eufrates, do Tigre, do Hidaspes e os habitantes das planícies de Arioc, rei dos
elimeus, aliaram-se a Nabucodonosor. E assim, muitas naçőes fizeram aliança para
guerrear contra os filhos de Queleud.
7. Nabucodonosor, rei da Assíria, enviou embaixadores para a Pérsia e
naçőes do Ocidente, para a Cilícia, Damasco, Líbano e Antilíbano, para os
habitantes do litoral
8. e os povos do Carmelo, de Galaad, da Alta-Galiléia, da grande planície
de Esdrelon,
9. para os habitantes de Samaria e suas cidades, para os que habitam além
do Jordăo até Jerusalém, em Batana, Quelus, Cades, o rio do Egito, Táfnis,
Ramsés e toda a terra de Gessen,
10. até chegar além de Tânis e de Męnfis, e a todos os egípcios, até a
fronteira da Etiópia.
11. Todos, porém, desprezaram o convite de Nabucodonosor, rei da Assíria,
e năo se aliaram com ele. Năo respeitavam Nabucodonosor, porque achavam que ele
era pessoa sem poder. Mandaram de volta os embaixadores de măos vazias e
humilhados.
12. Nabucodonosor ficou furioso com esses países e jurou, por seu trono e
seu reino, vingar-se de todos os territórios da Cilícia, Damasco e Síria, e
passar a fio de espada todos os moabitas, amonitas, judeus e egípcios, até
chegar ŕ fronteira dos dois mares.
13. No décimo sétimo ano, Nabucodonosor guerreou contra o rei Arfaxad,
venceu-o no combate e derrotou todo o exército, cavalaria e carros dele.
14. Tomou posse de suas cidades e, chegando até Ecbátana, tomou suas
torres, saqueou suas ruas e transformou sua beleza em humilhaçăo.
15. Depois prendeu Arfaxad nas montanhas de Ragau, o atravessou com suas
lanças e o eliminou para sempre.
16. Em seguida, voltou para Nínive com o seu exército, uma imensa
multidăo de soldados. Ficaram despreocupados, descansando e banqueteando-se por
cento e vinte dias.
Judite 2
A pretensăo ao poder
absoluto
1.
No dia vinte e dois do primeiro męs do ano décimo
oitavo, no palácio de Nabucodonosor, rei da Assíria, deliberou-se sobre a
vingança contra toda a terra, conforme o rei havia falado.
2. Entăo ele convocou todos os ministros e conselheiros, expôs seu plano
secreto e decretou a destruiçăo de todos esses territórios.
3. Decidiram exterminar todos os que năo tinham aceito o convite de
Nabucodonosor.
4. Terminada a reuniăo, Nabucodonosor, rei da Assíria, convocou
Holofernes, general do seu exército, o segundo homem no reino, e lhe ordenou:
5. "Assim diz o grande rei, o senhor de toda a terra: Ao sair de minha
presença, tome consigo homens experientes, uns cento e vinte mil de infantaria e
forte contingente de cavalaria, com doze mil cavaleiros.
6. Marche contra toda a regiăo ocidental, porque năo aceitaram o meu
convite.
7. Obrigue-os a colocar ŕ minha disposiçăo a terra e a água, porque vou
marchar furioso contra eles. Vou cobrir o chăo com os pés de meus soldados e
entregá-los ao saque.
8. Seus feridos encherăo os vales e as torrentes, e os rios transbordarăo
de cadáveres,
9. e eu levarei os prisioneiros para os confins do mundo.
10. Siga ŕ minha frente e conquiste os territórios deles para mim. Se
eles se renderem a vocę, deixe que eu os castigue.
11. Năo tenha consideraçăo para com os rebeldes. Entregue-os ŕ matança e
ao saque em toda a terra que vocę conquistar.
12. Por minha vida e por meu império, vou cumprir o que estou dizendo.
13. Năo desobedeça a nenhuma ordem do seu senhor. Faça tudo conforme eu
lhe ordenei. Năo perca tempo".
A idolatria se impőe
pelo medo
14.
Holofernes saiu da presença de seu senhor e
convocou todos os chefes, generais e oficiais do exército da Assíria.
15. Em seguida, escolheu um contingente de cento e vinte mil homens e
doze mil arqueiros a cavalo, conforme seu senhor tinha mandado.
16. E os organizou para o combate.
17. Tomou entăo grande quantidade de camelos, jumentos e mulas, para
carregar o equipamento, e também inumeráveis ovelhas, bois e cabras para o
abastecimento.
18. Cada soldado recebeu farta provisăo e muito ouro e prata do palácio
do rei.
19. Entăo Holofernes saiu com todo o seu exército ŕ frente do rei
Nabucodonosor, para cobrir toda a regiăo ocidental com carros, cavaleiros e
tropas escolhidas.
20. A eles juntou-se ainda um bando numeroso, incontável como os
gafanhotos e como a areia da terra.
21. Partiram de Nínive e caminharam tręs dias em direçăo ŕ planície de
Bectilet. Acamparam fora de Bectilet, perto da montanha, ao norte da
Alta-Cilícia.
22. Daí, com todo o seu exército, formado por infantaria, cavalaria e
carros, Holofernes partiu para a regiăo montanhosa.
23. Devastou Fut e Lud, e saqueou todos os filhos de Rassis e de Ismael,
que vivem na beira do deserto, ao sul de Queleon.
24. Depois costeou o rio Eufrates, atravessou a Mesopotâmia e destruiu
todas as cidades fortificadas que estăo junto ao riacho Abrona, até chegar ao
mar.
25. Tomou posse dos territórios da Cilícia, despedaçou todos os que
resistiram e foi até ŕ fronteira sul de Jafé, diante da Arábia.
26. Cercou todos os madianitas, incendiou suas tendas e devastou seus
estábulos.
27. A seguir, desceu para a planície de Damasco no tempo da colheita de
trigo, e incendiou as plantaçőes, destruiu ovelhas e bois, saqueou as cidades,
devastou as plantaçőes e passou todos os jovens ao fio da espada.
28. Um medo terrível caiu sobre os habitantes do litoral, sobre os
sidônios e tírios, sobre os de Sur, de Oquina e de Jâmnia. Também os habitantes
de Azoto e Ascalon ficaram aterrorizados.
Judite 3
Ameaça ao povo
de Deus
1.
Os habitantes do litoral enviaram mensageiros com
proposta de paz, nestes termos: "Aqui estamos.
2. Somos servos do grande rei Nabucodonosor e nos prostramos diante de
vocę: faça de nós o que quiser.
3. Aqui estăo ŕ sua disposiçăo nossos estábulos, nosso território, os
campos de trigo, as ovelhas e os bois, e todos os nossos acampamentos. Sirva-se
como achar melhor.
4. Nossas cidades e seus habitantes săo seus escravos. Venha e trate-as
como quiser".
5. Entăo os mensageiros se apresentaram a Holofernes, e transmitiram a
mensagem.
6. Holofernes desceu com seu exército para o litoral, deixou guarniçőes
nas cidades fortificadas e recrutou homens escolhidos para servirem de tropas
auxiliares.
7. Os habitantes das cidades e arredores o receberam com coroas, danças e
tamborins.
8. Mas Holofernes destruiu os santuários deles, cortou suas árvores
sagradas e exterminou todos os deuses da terra, para que todas as naçőes só
adorassem a Nabucodonosor, e todas as tribos o invocassem como deus, cada uma na
própria língua.
Quem é Deus frente a Nabucodonosor?
9.
Quando chegou ŕ vista de Esdrelon, perto de
Dotaia, aldeia que está diante da grande serra da Judéia,
10. Holofernes acampou entre Geba e Citópolis, e aí ficou por um męs,
recolhendo provisőes para o exército.
Judite 4
1. Os israelitas da Judéia ficaram sabendo de tudo o que Holofernes,
general de Nabucodonosor, rei da Assíria, tinha feito ŕs naçőes, atacando seus
templos e entregando-os ao saque.
2. Entăo ficaram aterrorizados com Holofernes e temeram por Jerusalém e
pelo Templo do Senhor seu Deus.
3. Eles tinham voltado do exílio fazia pouco tempo, e todo o povo da
Judéia se havia reunido novamente. Os utensílios, o altar e o Templo haviam sido
recentemente purificados da profanaçăo.
4. Entăo mandaram mensageiros por todo o território da Samaria, a Cona,
Bet-Horon, Belmain, Jericó, Coba, Aisora e ao vale de Salém.
5. Ocuparam o topo dos montes mais altos, fortificaram as aldeias da
regiăo montanhosa e ajuntaram provisőes para a guerra, pois nesse tempo tinham
acabado de fazer a colheita.
6. O sumo sacerdote Joaquim, que nessa ocasiăo se achava em Jerusalém,
escreveu aos habitantes de Betúlia e Betomestaim, que estăo diante de Esdrelon,
em frente da planície vizinha de Dotain.
7. Ele mandou que ocupassem as passagens da serra, porque era por aí que
passava o caminho para a Judéia. Desse modo, era fácil impedir que o inimigo
avançasse, porque o desfiladeiro era tăo estreito que somente se podia passar
dois a dois.
8. Os israelitas obedeceram ao sumo sacerdote Joaquim e ao conselho dos
anciăos do povo de Israel, que tinham sede em Jerusalém.
9. Ao mesmo tempo, cada israelita suplicou insistentemente a Deus, e
todos se humilharam diante dele.
10. Eles e suas mulheres, seus filhos e rebanhos, e todos os imigrantes,
mercenários e escravos se vestiram com pano de saco.
11. Os que viviam em Jerusalém, inclusive mulheres e crianças, se
prostraram diante do Templo, com cinzas na cabeça, e estenderam as măos diante
do Senhor.
12. Cobriram o altar com panos de saco e clamaram, a uma só voz e com
ardor, para que o Deus de Israel năo entregasse seus filhos ao saque, nem suas
mulheres ao exílio, nem ŕ destruiçăo as cidades que tinham herdado, nem o Templo
ŕ profanaçăo e caçoadas humilhantes das naçőes.
13. O Senhor ouviu-lhes o grito e tomou conhecimento da tribulaçăo deles.
O povo jejuou por dias seguidos em toda a Judéia e em Jerusalém, diante do
Templo do Senhor Todo-poderoso.
14. O sumo sacerdote Joaquim, junto com todos os sacerdotes e ministros
do culto do Senhor, ofereciam o holocausto diário, as ofertas e os dons
voluntários do povo. Vestidos com panos de saco
15. e com cinza sobre os turbantes, eles clamavam com toda força ao
Senhor, para que protegesse a casa de Israel.
Judite 5
1. Holofernes, general do exército assírio, foi informado de que os
israelitas estavam se preparando para a guerra. Contaram-lhe que eles tinham
fechado as passagens das montanhas, fortificado o topo dos montes mais altos e
preparado obstáculos nas planícies.
2. Holofernes ficou enfurecido e convocou todos os chefes moabitas,
generais amonitas, governadores do litoral,
3. e lhes perguntou: "Cananeus, digam-me: Que gente é essa que vive na
serra? Em que cidades moram? Qual é a potęncia do exército deles? Em que ponto
está seu poder e sua força? Que rei os governa?
4. Por que năo se dignaram vir ao meu encontro, como fizeram todos os
povos do Ocidente?"
5. Aquior, chefe de todos os amonitas, respondeu: "Escute, meu senhor, o
que este seu servo vai dizer. Vou contar-lhe a verdade sobre esse povo que vive
na serra, aqui perto. Năo direi mentiras.
6. Esse povo é descendente dos caldeus.
7. Primeiro estiveram na Mesopotâmia, porque năo quiseram seguir os
deuses de seus antepassados, que viviam na Caldéia.
8. Eles abandonaram a religiăo de seus antepassados e adoraram o Deus do
céu, que reconheceram como Deus. Os caldeus, porém, os expulsaram da presença de
seus deuses, e eles tiveram que fugir para a Mesopotâmia, onde ficaram por longo
tempo.
9. O Deus deles ordenou que saíssem daí e fossem para a terra de Canaă.
Instalaram-se aí e ficaram muito ricos em ouro, prata e rebanhos numerosos.
10. Em seguida, foram para o Egito por causa de uma fome que atingia o
país de Canaă. E aí ficaram enquanto havia alimento. No Egito, multiplicaram-se
muito e se transformaram num povo numeroso.
11. O rei do Egito, porém, ficou contra eles e os explorou no trabalho de
preparar tijolos, e eles foram humilhados e tratados como escravos.
12. Entăo eles clamaram ao seu Deus, e este castigou todo o país do Egito
com pragas incuráveis. Os egípcios, entăo, os expulsaram do país.
13. Deus secou diante deles o mar Vermelho
14. e os conduziu pelo caminho do Sinai e de Cades Barne. Eles expulsaram
todos os habitantes do deserto,
15. instalaram-se na terra dos amorreus, e exterminaram pela força todos
os habitantes de Hesebon. Depois atravessaram o Jordăo, tomaram posse de toda a
serra,
16. expulsaram os cananeus, ferezeus, jebuseus, siquemitas e todos os
gergeseus, e aí viveram por muito tempo.
17. Enquanto năo pecaram contra o seu Deus, a prosperidade estava com
eles, porque o Deus deles odeia a injustiça.
18. Mas quando se afastaram do caminho que Deus lhes havia marcado, uma
parte deles foi completamente exterminada em guerras, e a outra foi exilada num
país estrangeiro. O Templo do Deus deles foi arrasado e suas cidades foram
conquistadas pelo inimigo.
19. Mas agora eles se voltaram para o Deus deles, regressaram da
dispersăo, ocuparam Jerusalém, onde está o Templo deles, e repovoaram a serra
que tinha ficado deserta.
20. Agora, meu soberano e senhor, se essa gente se desviou, pecando
contra o Deus deles, comprovemos essa falta, e subamos para atacá-los.
21. Contudo, se eles năo tiverem pecado, é melhor que o senhor os deixe
em paz. Caso contrário, o Senhor e Deus deles vai protegę-los, e nós ficaremos
envergonhados diante de todo o mundo".
22. Quando Aquior acabou de falar, todos os que estavam ao redor da tenda
protestaram. Os oficiais de Holofernes, os habitantes do litoral e os moabitas
queriam matar Aquior.
23. E diziam: "Năo vamos ficar com medo dos israelitas. É um povo sem
exército e sem forças para agüentar um combate duro.
24. Por isso, vamos lá. Serăo presa fácil para todo o seu exército,
senhor Holofernes".
Judite 6
1. Quando se acalmou o alvoroço dos que assistiam ŕ reuniăo, Holofernes,
general do exército assírio, disse a Aquior, na frente de toda a tropa
estrangeira e de todos os moabitas:
2. "Quem é vocę, Aquior, e esses mercenários de Efraim, para profetizarem
dessa forma, aconselhando-nos a năo lutar contra os israelitas, porque o Deus
deles vai protegę-los? Quem é deus, além de Nabucodonosor? Nabucodonosor enviará
sua força e exterminará os israelitas da face da terra. E o Deus deles năo
conseguirá salvá-los.
3. Nós, servos de Nabucodonosor, os esmagaremos como se fossem um só
homem. Năo poderăo resistir ŕ nossa cavalaria.
4. Nós os queimaremos de uma só vez. Seus montes ficarăo embriagados com
o sangue deles, e suas planícies transbordarăo de cadáveres. Eles năo poderăo
ficar de pé diante de nós. Todos morrerăo, diz o rei Nabucodonosor, o senhor de
toda a terra. Ele assim falou, e suas palavras năo serăo desmentidas.
5. Quanto a vocę, Aquior, mercenário amonita, vocę disse essas frases num
momento de loucura. Por isso, năo voltará a me ver até que eu castigue essa
gente que escapou do Egito.
6. Entăo a espada de meus soldados e a lança de meus oficiais
atravessarăo suas costelas, e vocę cairá entre os feridos deles.
7. Meus servos văo levar vocę para a montanha e deixá-lo em alguma cidade
dos desfiladeiros.
8. Vocę ficará vivo para ser morto junto com eles.
9. Se vocę confia que eles năo serăo capturados, năo fique de cabeça
baixa. Nada do que eu disse ficará sem se realizar".
10. Holofernes ordenou aos servos, que estavam na tenda, para pegarem
Aquior, o levarem a Betúlia e o entregarem aos israelitas.
11. Os servos agarraram Aquior e o levaram para a planície, fora do
acampamento. Daí se dirigiram para a serra e chegaram ŕs fontes que estăo abaixo
de Betúlia.
12. Quando os homens da cidade os viram no alto dos montes, pegaram suas
armas, saíram da cidade e foram para lá, enquanto os atiradores jogavam pedras
sobre os homens de Holofernes, para impedir que subissem.
13. Entăo estes desceram pela encosta do monte, amarraram Aquior e o
deixaram ao pé do monte. E voltaram para junto do seu senhor.
14. Entăo os israelitas desceram da cidade e foram até Aquior. Eles o
desamarraram e o levaram a Betúlia para apresentá-lo aos chefes da cidade.
15. Nesse tempo, os chefes eram Ozias, filho de Micas, da tribo de
Simeăo; Cabris, filho de Gotoniel, e Carmis, filho de Melquiel.
16. Eles convocaram todos os anciăos da cidade. Também os jovens e as
mulheres foram para a assembléia. Colocaram Aquior no meio de todos, e Ozias lhe
perguntou o que havia acontecido.
17. Entăo Aquior contou-lhes o que haviam falado no conselho de
Holofernes, o que ele próprio tinha dito aos chefes assírios e as vantagens que
Holofernes tinha contado contra Israel.
18. Entăo o povo se prostrou, adorou a Deus e suplicou:
19. "Senhor Deus do céu, olha do alto o orgulho deles e tem piedade da
humilhaçăo de nossa gente. Acolhe hoje com boa vontade a presença daqueles que
săo consagrados a ti".
20. Depois, animaram Aquior e o elogiaram muito.
21. Ozias o levou para sua casa e ofereceu um banquete aos anciăos. E
durante toda essa noite, ficaram invocando o auxílio do Deus de Israel.
Judite 7
Eficácia da pressăo
1.
No dia seguinte, Holofernes ordenou
ao exército e ŕs tropas aliadas que levantassem acampamento, avançassem contra
Betúlia, ocupassem as passagens das montanhas e atacassem os israelitas.
2. Nesse mesmo dia, todos os soldados levantaram acampamento. O exército
contava com cento e setenta mil soldados de infantaria e doze mil cavaleiros,
sem contar a bagagem e a multidăo que os acompanhava a pé.
3. Formaram-se em ordem de batalha no vale perto de Betúlia, junto ŕ
fonte, e se estenderam ao largo, na direçăo de Dotain, até Belbaim, e de Betúlia
até Quiamon, que está diante de Esdrelon.
4. Quando os israelitas viram essa multidăo, ficaram aterrorizados e
comentaram: "Eles văo engolir toda a face da terra. Nem os montes mais altos,
nem os precipícios, nem as colinas suportarăo tanto peso".
5. Cada um empunhou suas armas, acenderam fogueira nas torres e ficaram
em guarda a noite inteira.
6. No segundo dia, Holofernes fez a cavalaria avançar diante dos
israelitas que estavam em Betúlia.
7. Inspecionou as subidas para a cidade, examinou as fontes e ocupou-as,
deixando aí destacamentos militares. Depois voltou para junto do exército.
8. Os oficiais edomitas, os chefes moabitas e os generais do litoral
disseram a Holofernes:
9. "Senhor, ouça o nosso palpite, e o exército năo sofrerá um só
arranhăo.
10. Esses israelitas năo confiam tanto nas armas. Eles confiam na altura
dos montes onde vivem, porque năo é fácil escalar o topo desses montes.
11. Por isso, senhor, năo os combata como se faz em campo aberto, e năo
haverá nenhuma baixa em seu exército.
12. Fique no acampamento com todo o exército e deixe que ocupemos a fonte
que brota ao pé do monte.
13. É dela que os habitantes de Betúlia tiram água. A sede os forçará a
entregar a cidade ao senhor. Nós subiremos com nossos soldados ao topo dos
montes vizinhos e montaremos acampamento, para impedir que alguém saia da
cidade.
14. A fome tomará conta deles, com suas mulheres e crianças. O senhor nem
precisará usar a espada: eles cairăo sozinhos pelas ruas da cidade.
15. Desse modo, o senhor os fará pagar bem caro por năo terem ido
pacificamente ao seu encontro".
16. Holofernes e seus oficiais gostaram da proposta, e ele deu ordem para
agir de acordo.
17. Entăo uma tropa de moabitas e cinco mil assírios avançaram. Acamparam
no vale e ocuparam as minas e fontes dos israelitas.
18. Os edomitas e os amonitas subiram a serra, acamparam diante de Dotain
e mandaram destacamentos para o sul e para o leste, diante de Egrebel, perto de
Cuch, sobre a torrente de Mocmur. O grosso do exército assírio acampou na
planície, cobrindo toda a regiăo. As tendas e equipamentos formavam um
acampamento enorme, pois a multidăo era imensa.
19. Vendo-se cercados pelo inimigo e sem possibilidades de escapar, os
israelitas ficaram desanimados e clamaram ao Senhor seu Deus.
20. O exército assírio, com infantaria, cavalaria e carros, manteve o
cerco por trinta e quatro dias. A provisăo de água dos habitantes de Betúlia se
esgotou,
21. e os poços ficaram vazios. Ninguém tinha como saciar a sede nem por
um dia sequer, porque a água estava racionada.
22. As crianças desmaiavam e as mulheres e jovens desfaleciam de sede.
Caíam pelas ruas e saídas das portas da cidade, completamente esgotados.
23. Entăo todo o povo se reuniu contra Ozias e os chefes da
cidade, junto com jovens, mulheres e crianças, gritando e dizendo a todos os
anciăos:
24. "Que o Senhor seja o nosso juiz, porque vocęs causaram um grande mal,
năo querendo negociar a paz com os assírios.
25. Agora năo temos a quem recorrer, porque Deus nos entregou nas măos
deles e estamos morrendo de sede e grande destruiçăo.
26. Agora chamem os assírios e entreguem a cidade inteira, para que o
exército de Holofernes a saqueie.
27. É preferível sermos saqueados. Seremos escravos deles, mas salvaremos
a nossa vida, e năo veremos nossas crianças morrer e nossas mulheres e filhos
expirar.
28. Se vocęs năo fizerem isso hoje mesmo, nós convocaremos o céu e a
terra como testemunhas contra vocęs diante do nosso Deus, Senhor de nossos
antepassados, que nos está castigando por causa de nossos pecados e os pecados
de nossos antepassados".
29. Entăo levantou-se da assembléia um pranto geral, e todos gritaram
súplicas ao Senhor Deus.
30. Entăo Ozias procurou animá-los: "Tenham confiança, irmăos. Vamos
resistir por mais cinco dias. O Senhor nosso Deus terá compaixăo de nós. Ele năo
vai nos abandonar até o fim.
31. Depois desse prazo, se ele năo nos socorrer, farei o que vocęs estăo
propondo".
32. Entăo dispersou o povo, cada um para seu lugar: os homens voltaram
para as muralhas e torres da cidade, e mandaram as mulheres e crianças para
casa. A cidade estava tomada pela angústia.
II. A FORÇA DOS FRACOS
Confiar em Deus e agir com discernimento
1.
Nesses dias, a notícia chegou até Judite. Ela era
filha de Merari, filho de Ox, filho de José, filho de Oziel, filho de Elquias,
filho de Ananias, filho de Gedeăo, filho de Rafaim, filho de Aquitob, filho de
Elias, filho de Helcias, filho de Eliab, filho de Natanael, filho de Salamiel,
filho de Surisadai, filho de Israel.
2. Seu marido Manassés, da mesma tribo e parentela, tinha morrido durante
a colheita da cevada.
3. Ele estava dirigindo os que amarravam feixes no campo, e teve uma
insolaçăo. Caiu de cama e morreu em Betúlia, sua cidade. E foi enterrado na
sepultura da família, que ficava em sua propriedade, entre Dotain e Balamon.
4. Judite era viúva fazia tręs anos e quatro meses. Vivia em sua casa,
5. num quarto que mandara fazer no terraço. Vestia pano de saco e usava
roupas de viúva.
6. Desde que ficou viúva, jejuava diariamente, menos no dia de sábado e
na véspera, no primeiro e último dia do męs, nas festas e comemoraçőes
israelitas.
7. Era muito bonita e atraente. Manassés, seu marido, lhe havia deixado
ouro e prata, servos e servas, rebanhos e terras. E ela vivia disso.
8. Ninguém podia fazer-lhe a mínima crítica, pois era muito temente a
Deus.
9. Judite ficou sabendo das palavras desesperadas que o povo tinha dito
ao governador, porque estava desanimado com a falta d'água. Soube também que
Ozias tinha jurado entregar a cidade aos assírios dentro de cinco dias.
10. Entăo Judite mandou a serva, que administrava seus bens, chamar
Cabris e Carmis, anciăos da cidade.
11. Quando chegaram, ela disse: "Ouçam-me, chefes do povo de Betúlia. O
que vocęs disseram ao povo hoje foi um erro. Vocęs juraram, obrigando-se diante
de Deus a entregar a cidade ao inimigo, caso o Senhor năo socorra vocęs dentro
de cinco dias.
12. Quem săo vocęs para tentar a Deus, colocando-se hoje publicamente
acima dele?
13. Vocęs, que nunca entenderăo nada, estăo pondo ŕ prova o Senhor
Todo-poderoso.
14. Se săo incapazes de sondar a profundidade do coraçăo humano e
entender as razőes dos pensamentos dele, como podem sondar a Deus, criador de
tudo, e compreender sua mente e entender seu projeto? Năo, irmăos, năo queiram
irritar o Senhor nosso Deus.
15. Ainda que năo nos queira socorrer nesses cinco dias, ele tem poder
para nos proteger no dia que quiser, ou nos destruir diante de nossos inimigos.
16. Năo pretendam exigir garantias sobre os planos do Senhor nosso Deus,
porque Deus năo é um homem que possa ser intimidado, nem algum ser humano que
possa ser pressionado.
17. Por isso, enquanto esperamos pacientemente que ele nos salve, vamos
suplicar-lhe que venha em nosso auxílio. Se ele quiser, vai ouvir a nossa voz.
18. É verdade que em nosso tempo, e hoje mesmo, năo tem havido entre nós
nenhuma tribo, família, povo ou cidade que tenha adorado deuses feitos por măos
humanas, como acontecia outrora.
19. Foi por isso que nossos antepassados foram entregues ŕ espada e ao
saque, e caíram miseravelmente diante de seus inimigos.
20. Nós, pelo contrário, năo conhecemos outro Deus além dele. Por isso
confiamos que ele năo nos vai desprezar, nem se afastar de nossa gente.
21. Se formos capturados, o mesmo acontecerá com toda a Judéia, e o
santuário será saqueado. Entăo deveremos pagar essa profanaçăo com o nosso
próprio sangue.
22. Nas naçőes onde estivermos como escravos, seremos responsáveis pela
morte de nossos compatriotas, pelo exílio do povo da terra e pela desolaçăo de
nossa herança. Seremos assim motivo de caçoada e desprezo diante de nossos
dominadores.
23. Nossa escravidăo năo nos fará ganhar o favor de nossos dominadores.
Pelo contrário, o Senhor nosso Deus a transformará em desonra para nós.
24. Portanto, irmăos, mostremos aos nossos irmăos que a vida deles
depende de nós, e que de nós depende a segurança do santuário, do Templo e do
altar.
25. Agradeçamos ao Senhor nosso Deus por tudo isso, porque ele nos está
pondo ŕ prova, como fez com os nossos antepassados.
26. Lembrem-se do que ele fez com Abraăo, como provou Isaac, e o que
aconteceu com Jacó na Mesopotâmia da Síria, quando ele apascentava os rebanhos
de Labăo, seu tio materno.
27. Deus os provou com fogo para avaliar o coraçăo deles, e está fazendo
o mesmo conosco. O Senhor açoita os que dele se aproximam, năo para se vingar,
mas para torná-los conscientes".
28. Entăo Ozias lhe disse: "Tudo o que vocę disse é muito sensato, e
ninguém poderá dizer o contrário.
29. Năo é de hoje que todo mundo percebe que vocę é sábia. Desde pequena,
todos conhecem a sua inteligęncia e o seu bom coraçăo.
30. Mas o povo estava morrendo de sede e nos obrigou a fazer o que
fizemos, forçando-nos a um juramento que năo podemos violar.
31. Agora, vocę que é mulher piedosa, suplique por nós. O Senhor mandará
chuva para encher os poços, e nós năo morreremos".
32. Judite respondeu: "Escutem-me com atençăo. Vou fazer uma coisa que
será comentada de geraçăo em geraçăo pelos filhos de nossa gente.
33. Esta noite vocęs ficarăo vigiando na porta da cidade. Eu sairei com
minha serva e, antes do prazo que vocęs estabeleceram para entregar a cidade ao
inimigo, o Senhor virá socorrer Israel através de mim.
34. Quanto a vocęs, năo perguntem o que vou fazer. Só contarei depois que
tiver feito".
35. Ozias e os chefes lhe disseram: "Vá em paz. Que o Senhor Deus
acompanhe vocę, para que possa vingar-se do nosso inimigo".
36. E deixando o aposento dela, eles voltaram para seus postos.
Judite 9
Unir-se a Deus para agir com eficácia
1.
Era o momento em que acabavam de oferecer o
incenso da tarde, no Templo de Jerusalém. Judite colocou cinza sobre a cabeça,
tirou as roupas e prostrou-se no chăo, vestida apenas com o pano de saco.
Levantou a voz e gritou ao Senhor, dizendo:
2. "Senhor, Deus de meu pai Simeăo, em cuja măo colocaste uma espada,
para vingar-se dos estrangeiros que violentaram vergonhosamente uma jovem,
tiraram suas roupas para a estuprar, e profanaram o seio dela para sua desonra.
E tu havias dito: 'Năo façam isso'. Mas eles o fizeram.
3. Por isso, entregaste seus chefes ŕ morte. E o leito deles, manchado
pelo engano, pelo engano ficou ensangüentado. Feriste os servos junto com os
chefes, e os chefes junto com seus servos.
4. Entregaste suas mulheres ao rapto e suas filhas ŕ escravidăo.
Entregaste seus despojos ŕ partilha,
em proveito dos filhos que amavas, e que, ardendo de zelo por ti, abominaram a
mancha do sangue deles e invocaram o teu socorro. Deus, meu Deus, ouve esta
pobre viúva.
5. Tu fizeste o passado, e o que vem agora e o que virá depois. Tu
projetas o presente e o futuro, e o que desejas acontece.
6. Teus projetos se apresentam e dizem: 'Aqui estamos'. Pois teus
caminhos estăo todos preparados, e teus projetos foram feitos de antemăo.
7. Aí estăo os assírios! Eles se apóiam em sua força, orgulhosos de seus
cavalos e cavaleiros, e se gabam com a força de sua infantaria. Eles confiam no
escudo e na lança, no arco e na funda, e năo sabem que tu és o Senhor que acaba
com as guerras.
8. Teu nome é: 'o Senhor'! Quebra a força deles com teu poder, e, com tua
cólera, despedaça o domínio deles. Porque decidiram profanar o teu santuário,
manchar a tenda onde repousa o teu Nome glorioso e derrubar a ferro as pontas do
teu altar.
9. Olha a soberba deles e descarrega tua ira em suas cabeças. Dá força a
esta viúva, para fazer aquilo que ela decidiu.
10. Através de minha língua sedutora, fere o servo junto com o chefe e o
chefe com seu servo. Quebra a altivez deles pela măo de uma mulher.
11. Tua força năo está no número, nem tua autoridade nos guerreiros. Tu
és o Deus dos humildes, o socorro dos oprimidos, o protetor dos fracos, o abrigo
dos abandonados, o salvador dos desesperados.
12. Sim, Deus de meu pai, Deus da herança de Israel, Senhor do céu e da
terra, Criador das águas, Rei de toda a criaçăo. Ouve a minha súplica,
13. e concede-me falar com seduçăo, para ferir mortalmente os que
planejaram uma vingança cruel contra teus fiéis, contra tua morada santa, o
monte Siăo, e a casa de teus filhos.
14. Faze que todo o povo e todas as tribos reconheçam que tu és o único
Deus, o Deus de toda força e de todo poder, e que o povo de Israel só tem a ti
como protetor".
Judite 10
1. Quando parou de suplicar ao Deus de Israel e terminou o que estava
dizendo,
2. Judite se levantou, chamou a serva e foi para a casa em que ficava nos
dias de sábado e de festa.
3. Tirou o pano de saco e o vestido de viúva, tomou banho, passou perfume
caro, penteou os cabelos, colocou um turbante na cabeça e se vestiu com a roupa
de festa, que usava enquanto seu marido Manassés era vivo.
4. Calçou sandálias e enfeitou-se com braceletes, colares, anéis, brincos
e todas as suas jóias. Ficou belíssima, capaz de seduzir os homens que a vissem.
5. Depois entregou ŕ serva uma vasilha de vinho e uma jarra de óleo,
encheu uma sacola com farinha de cevada, bolos de frutas secas e păes puros.
Embrulhou as provisőes e as entregou ŕ serva.
6. Em seguida, saíram para a porta da cidade de Betúlia e encontraram aí
Ozias, Cabris e Carmis, dois anciăos da cidade.
7. Ao vę-la com o rosto transformado e outros vestidos, ficaram pasmos
com tanta beleza, e lhe disseram:
8. "Que o Deus de nossos antepassados ajude vocę e permita que seja
bem-sucedida em seus planos, para a glória dos israelitas e a exaltaçăo de
Jerusalém".
9. Judite adorou a Deus, e lhes disse: "Mandem abrir para mim a porta da
cidade. Sairemos para realizar o que vocęs estăo desejando". Eles ordenaram que
os soldados lhe abrissem a porta, conforme ela tinha pedido.
10. Assim fizeram, e Judite saiu com a serva. Os homens da cidade a
seguiram com o olhar, enquanto ela descia a encosta, até que atravessou o vale e
desapareceu.
11. Estavam caminhando direto pelo vale, quando as sentinelas dos
assírios foram ao encontro delas.
12. Detiveram Judite e lhe perguntaram: "De que lado vocę está? De onde
vem? Para onde vai?" Judite respondeu: "Sou hebréia, e estou fugindo do meu
povo, porque falta pouco para ele ser devorado por vocęs.
13. Gostaria de apresentar-me a Holofernes, general do exército de vocęs,
para dar-lhe informaçőes seguras. Vou mostrar a ele o caminho por onde poderá
passar e conquistar toda a serra, sem arriscar um só de seus homens".
14. Enquanto a escutavam, as sentinelas ficaram observando o rosto dela,
admirados com tanta beleza. E lhe disseram:
15. "Vocę salvou a vida, vindo ao encontro do senhor nosso general. Pode
ir até a tenda dele; alguns dos nossos văo escoltar vocę até lá.
16. Quando estiver diante dele, năo tenha medo, diga-lhe o que disse a
nós, e ele a tratará bem".
17. Entăo eles destacaram cem homens, que escoltaram Judite e sua serva
até a tenda de Holofernes.
18. Ao correr pelas tendas a notícia da chegada de Judite, o acampamento
ficou em alvoroço. Judite estava do lado de fora da tenda de Holofernes,
esperando ser anunciada, e todos a rodearam.
19. Estavam admirados com sua beleza e, olhando para ela, ficavam
admirando os israelitas. E comentavam: "Năo podemos desprezar uma naçăo que tem
mulheres tăo bonitas. Năo podemos poupar nenhum homem deles. Os que ficassem,
seriam capazes de conquistar o mundo inteiro".
20. Os guarda-costas de Holofernes e os oficiais saíram e introduziram
Judite na tenda.
21. Holofernes estava descansando em sua cama, debaixo de um mosquiteiro
de púrpura, bordado a ouro e recamado com esmeraldas e pedras preciosas.
22. Anunciaram Judite. Entăo ele saiu para a parte da frente da tenda,
precedido de portadores de lâmpadas de prata.
23. Quando Judite ficou na frente de Holofernes e dos oficiais, todos
ficaram admirados com a beleza do rosto dela, que se prostrou diante de
Holofernes. Mas os escravos a levantaram.
Judite 11
Penetrando o espaço
do opressor
1.
Holofernes disse a Judite: "Coragem, mulher. Năo
tenha medo. Nunca maltratei ninguém que estivesse disposto a servir a
Nabucodonosor, rei do mundo inteiro.
2. Até seu povo que mora na serra: se ele năo me tivesse desprezado, eu
năo estaria lutando contra ele. Eles é que provocaram isso.
3. Agora, diga-me: Por que fugiu e passou para o nosso lado? Vindo até
nós, vocę salvou a própria vida. Pode confiar. Vocę năo correrá perigo, nem esta
noite, nem depois.
4. Ninguém vai maltratá-la. Pelo contrário, nós a trataremos bem, como
fazemos com os servos do rei Nabucodonosor, o meu senhor".
5. Entăo Judite lhe falou: "Permita-me falar-lhe e acolha as palavras
desta sua serva. Esta noite năo vou dizer mentira nenhuma.
6. Se o senhor seguir os conselhos desta sua serva, Deus o ajudará em sua
campanha, e seus planos năo falharăo.
7. Viva Nabucodonosor, rei de toda a terra, que enviou o senhor para
colocar todos em ordem. Viva o seu poder! Graças ao senhor, năo săo apenas os
homens que servem o rei. Graças ao seu poder, também as feras, os rebanhos e as
aves do céu viverăo ŕ disposiçăo de Nabucodonosor e do seu palácio.
8. Ouvimos falar da sabedoria e astúcia que o senhor tem. Todos comentam
que o senhor é o melhor em todo o império, o conselheiro mais hábil e o
estrategista mais admirado.
9. Nós ficamos sabendo do relatório que Aquior fez em seu conselho. Os
habitantes de Betúlia o pouparam, e ele contou tudo o que havia dito diante do
senhor.
10. Por isso, senhor poderoso, năo despreze a opiniăo dele. Pode crer
nela, porque é verdadeira: nossa gente năo sofrerá castigo, nem as armas poderăo
submetę-la, a năo ser que ela cometa pecado contra Deus.
11. Agora, para que o meu senhor năo fique decepcionado e de măos vazias,
saiba que a morte cairá sobre eles, porque săo réus de um pecado com que irritam
seu Deus toda vez que o cometem.
12. Quando lhes faltaram víveres e água, resolveram lançar măo do rebanho
e consumir tudo o que Deus, por suas leis, tinha proibido a eles de comer.
13. Resolveram consumir até os primeiros frutos do trigo e os dízimos do
vinho e do azeite, coisas consagradas aos sacerdotes que ministram diante do
nosso Deus em Jerusalém, e que nenhum leigo pode jamais tocar.
14. E como os habitantes de Jerusalém já estăo fazendo o mesmo, mandaram
até lá uma comissăo, para que o conselho permita fazer isso.
15. Logo que receberem a permissăo e a puserem em prática, nesse mesmo
dia cairăo em seu poder, meu senhor, e serăo aniquilados.
16. Quando percebi tudo isso, tratei de fugir. Deus me mandou para
realizar com o senhor uma façanha que assombrará todos os que dela ficarem
sabendo.
17. Esta sua serva é piedosa e serve ao Deus do céu dia e noite. Agora,
eu gostaria de ficar junto com o senhor. Sairei toda noite pelo vale, rezarei a
Deus, e ele me dirá quando a minha gente cometer o pecado.
18. Eu contarei ao senhor, e entăo o senhor sairá com todo o seu
exército, e nenhum deles lhe poderá resistir.
19. Eu guiarei o senhor através da Judéia, até chegar a Jerusalém, e
colocarei seu trono bem no meio da cidade. Entăo o senhor os manejará como
ovelhas sem pastor, e năo haverá nem mesmo um căo para latir diante do senhor.
Já estou prevendo todas essas coisas. Tudo foi anunciado a mim, e eu fui enviada
para contá-las ao senhor".
20. As palavras de Judite agradaram a Holofernes e seus oficiais.
Admirados com a sabedoria dela, disseram:
21. "De um extremo a outro da terra, năo existe mulher tăo bonita e que
saiba falar tăo bem".
22. Holofernes lhe disse: "Deus fez bem mandando vocę na frente do povo,
para colocar o poder em nossas măos e destruir todos os que desprezaram o meu
senhor.
23. Vocę é bela e eloqüente. Se fizer o que me disse, o seu Deus será o
meu Deus, vocę viverá no palácio do rei Nabucodonosor e será famosa no mundo
inteiro".
Judite 12
1. Holofernes mandou levar Judite para o lugar onde era colocada sua
baixela de prata, e ordenou que servissem a ela a mesma comida e o mesmo vinho
que ele tomava.
2. Judite, porém, disse: "Năo provarei nada disso, para năo cair em
pecado. Eu trouxe minhas provisőes".
3. Holofernes lhe perguntou: "E se acabar o que vocę trouxe, onde
poderemos arrumar comida igual? Entre nós, năo há ninguém da sua gente".
4. Judite respondeu: "Pela sua vida, meu senhor, o que eu trouxe comigo
năo acabará antes que o senhor realize seu plano através de mim".
5. Os oficiais de Holofernes levaram Judite para a tenda, e ela repousou
até a meia-noite. Depois se levantou antes do amanhecer,
6. e mandou dizer a Holofernes: "Senhor, ordene que me deixem sair para
rezar".
7. Holofernes ordenou aos guardas que a deixassem sair. E assim Judite
passou tręs dias no acampamento. De noite, ela ia em direçăo ao vale de Betúlia
e tomava banho na fonte, no posto avançado do acampamento.
8. Depois do banho, ela suplicava ao Senhor Deus de Israel que dirigisse
o plano dela, para reerguer o seu povo.
9. Depois de purificar-se, voltava para a tenda e aí ficava até que lhe
trouxessem o alimento ŕ tarde.
Cortando a cabeça do poder opressor
10.
No quarto dia, Holofernes ofereceu um banquete
somente para o seu pessoal de serviço, sem convidar nenhum oficial.
11. Disse a Bagoas, seu mordomo: "Vá e veja se vocę consegue convencer
essa mulher hebréia, que está a seu cuidado, para que venha comer e beber
conosco.
12. Seria uma vergonha năo aproveitar a ocasiăo de ter relaçőes com essa
mulher. Se eu năo a conquistar, văo caçoar de mim".
13. Bagoas saiu da presença de Holofernes, foi até Judite, e lhe disse:
"Que esta bela jovem năo tenha medo de se apresentar ao meu senhor como hóspede
de honra. Vocę beberá conosco, se alegrará e passará o dia como uma das mulheres
assírias, que vivem no palácio de Nabucodonosor".
14. Judite respondeu: "Quem sou eu para contrariar o meu senhor? Farei
tudo o que lhe agradar, e isto será para mim uma lembrança agradável até o dia
de minha morte".
15. Entăo Judite se levantou e se enfeitou com suas roupas e jóias. Sua
serva foi na frente e estendeu no chăo, diante de Holofernes, as peles que
Bagoas lhe tinha dado, para que se reclinasse enquanto comia.
16. Judite entrou e se acomodou. Ao vę-la, Holofernes ficou arrebatado, e
a paixăo o agitou com o desejo violento de se unir a ela. De fato, desde a
primeira vez que a viu, ele espreitava uma ocasiăo para seduzi-la.
17. E Holofernes disse a Judite: "Vamos, beba e se alegre conosco".
18. Judite respondeu: "Claro que vou beber, meu senhor. Hoje é o dia mais
feliz de toda a minha vida".
19. E Judite comeu e bebeu diante de Holofernes, servindo-se do que a sua
serva tinha preparado para ela.
20. Holofernes, entusiasmado com ela, bebeu muitíssimo vinho, como nunca
havia feito antes, em toda a vida.
Judite 13
1. Quando ficou tarde, o pessoal de Holofernes se retirou. Bagoas fechou
a tenda por fora, depois de fazer com que todos os servos saíssem. Todos foram
repousar, entregues pelo excesso de bebida.
2. Na tenda, ficaram apenas Judite e Holofernes caído na cama,
completamente embriagado.
3. Judite tinha dito ŕ serva que ficasse do lado de fora do quarto,
esperando que ela saísse, como nos outros dias. Tinha dito que sairia para
rezar, e já havia falado disso com Bagoas.
4. Todos saíram. Năo ficou mais ninguém no quarto, nem pequeno nem
grande. Entăo, de pé e junto ao leito de Holofernes, Judite rezou interiormente:
"Senhor Deus de toda a força, volta agora o teu olhar para o que eu estou para
fazer em favor da exaltaçăo de Jerusalém.
5. Chegou o momento de ajudar a tua herança e dar sucesso ao meu plano,
ferindo o inimigo que se levantou contra nós".
6. Entăo Judite se aproximou da coluna da cama, que ficava junto ŕ cabeça
de Holofernes, e pegou a espada dele.
7. Depois chegou perto da cama, agarrou a cabeleira de Holofernes, e
pediu: "Dá-me força agora, Senhor Deus de Israel".
8. E com toda a força, deu dois golpes no pescoço de Holofernes e lhe
cortou a cabeça.
9. Rolou o corpo do leito e tirou o mosquiteiro das colunas. Depois saiu,
entregou a cabeça de Holofernes para a serva,
10. que a colocou na sacola de alimentos. E saíram juntas, como de
costume, para rezar. Atravessaram o acampamento, rodearam o vale, subiram a
encosta de Betúlia e chegaram ŕ porta da cidade.
Exemplo que gera confiança
11.
Judite gritou de longe para as sentinelas das
portas: "Abram! Abram a porta! O Senhor nosso Deus está conosco, demonstrando
ainda sua força em Israel e seu poder contra o inimigo. Isso acaba de acontecer
hoje".
12. Os homens da cidade ouviram, desceram logo até a porta e convocaram
os anciăos.
13. Adultos e crianças, todos foram correndo. Parecia-lhes incrível que
Judite estivesse de volta. Abriram a porta e as receberam. E logo fizeram uma
grande fogueira para clarear, e se ajuntaram ao redor delas.
14. Judite começou a gritar: "Louvem a Deus! Louvem a Deus! Louvem a Deus
que năo retirou sua misericórdia da casa de Israel. Nesta noite, ele matou o
inimigo através da minha măo".
15. Entăo Judite tirou a cabeça de Holofernes que estava na sacola,
mostrou-a e disse: "Esta é a cabeça de Holofernes, general do exército da
Assíria. Este é o mosquiteiro, debaixo do qual ele dormia embriagado. O Senhor o
matou pela măo de uma mulher.
16. Viva o Senhor, que me protegeu no meu plano. Juro a vocęs que meu
rosto seduziu Holofernes, para a sua ruína, mas ele năo me fez pecar. Minha
honra está intacta".
17. Todos ficaram assombrados e, inclinando-se em adoraçăo a Deus,
disseram a uma só voz: "Bendito sejas, nosso Deus, porque hoje aniquilaste os
inimigos do teu povo!"
18. E Ozias disse a Judite: "Que o Deus Altíssimo abençoe vocę, minha
filha, mais que a todas as mulheres da terra. Bendito seja o Senhor Deus,
criador do céu e da terra, que guiou vocę para cortar a cabeça do chefe dos
nossos inimigos.
19. Os que se lembrarem dessa façanha de Deus, jamais perderăo a
confiança que vocę inspira.
20. Que Deus a exalte sempre e lhe dę prosperidade, porque vocę năo
vacilou em expor a própria vida por causa da humilhaçăo de nossa gente, mas
vingou a nossa ruína, indo diretamente ao alvo, diante do nosso Deus". E todo o
povo aclamou: "Amém! Amém!"
Judite 14
Vitória completa dos
oprimidos
1.
Judite falou ao povo: "Escutem, irmăos. Peguem
esta cabeça e a pendurem no parapeito da muralha.
2. Quando a aurora raiar e o sol sair sobre a terra, cada um de vocęs
pegue suas armas, e todos os homens fortes saiam da cidade. Coloquem ŕ frente um
chefe, como se fossem descer para a planície contra as sentinelas dos assírios.
Mas năo desçam.
3. Eles pegarăo em armas, e irăo ao acampamento para despertar os
oficiais do exército assírio. Irăo correndo ŕ tenda de Holofernes e năo o
encontrarăo. Aí ficarăo apavorados e fugirăo de vocęs.
4. Nesse momento, vocęs e todos os que vivem no território israelita os
perseguirăo para abatę-los na fuga.
5. Antes, porém, chamem Aquior, o amonita, para que ele veja e reconheça
aquele que caçoava dos israelitas e que o mandou até nós como réu de morte".
6. Entăo chamaram Aquior, que estava na casa de Ozias. Quando ele chegou
e viu a cabeça de Holofernes na măo de um homem na assembléia do povo, desmaiou
e caiu de bruços.
7. Quando o levantaram, Aquior se lançou aos pés de Judite e,
prostrando-se diante dela, disse: "Bendita seja vocę em todas as tendas de Judá
e entre todos os povos! Os que ouvirem sua fama, ficarăo perturbados.
8. Agora, conte-me o que foi que vocę fez nesses dias". Judite, no meio
do povo, contou tudo o que havia feito, desde o dia em que saíra de Betúlia até
esse momento.
9. Quando terminou, todos gritaram vivas e encheram a cidade com gritos
de alegria.
10. Aquior, vendo tudo o que o Deus de Israel tinha feito, acreditou
firmemente em Deus, apresentou-se para a circuncisăo e foi definitivamente
admitido entre os israelitas.
11. Ao raiar do dia, penduraram a cabeça de Holofernes na muralha. Os
homens empunharam armas e saíram, em esquadrőes, para as encostas do monte.
12. Ao vę-los, os assírios informaram seus chefes, e estes informaram os
generais, os comandantes e os oficiais.
13. Quando chegaram ŕ tenda de Holofernes, disseram ao mordomo: "Acorde o
nosso chefe, porque esses escravos se atreveram a descer para nos atacar. Estăo
querendo ser completamente destruídos".
14. Bagoas entrou e bateu palmas diante da cortina, pensando que
Holofernes estivesse dormindo com Judite.
15. Como ninguém respondesse, Bagoas afastou as cortinas, entrou no
quarto e encontrou Holofernes morto, jogado na entrada; tinham-lhe cortado a
cabeça.
16. Bagoas soltou um grito e, rasgando as roupas, começou a chorar,
soluçando e gritando.
17. Correu para a tenda onde Judite se alojava. Năo a encontrando,
precipitou-se para a tropa, gritando:
18. "Os escravos nos traíram. Uma só mulher hebréia desonrou a casa do
rei Nabucodonosor. Holofernes está atirado no chăo, com a cabeça cortada".
19. Ao ouvirem isso, os oficiais assírios rasgaram os mantos e ficaram
completamente perturbados. Seus gritos e clamores ressoaram por todo o
acampamento.
Judite 15
1. Os soldados que ainda estavam nas tendas, ao ouvirem, ficaram
espantados com o que acontecera.
2. Entraram em pânico e, sem esperar um pelo outro, fugiram todos pelos
caminhos da planície e da serra, numa debandada geral.
3. Os que estavam acampados na serra, ao redor de Betúlia, também
fugiram. Entăo todos os guerreiros israelitas se lançaram contra eles.
4. Ozias enviou mensageiros a Betomestaim, a Bebai, a Cobe, a Cola e a
todo o território de Israel, comunicando o acontecido e pedindo que todos
caíssem sobre o inimigo e o exterminassem.
5. Informados disso, os israelitas caíram sobre todos eles, matando-os
até Coba. Os habitantes de Jerusalém e todos os da serra, informados do que
acontecera no acampamento inimigo, vieram ajudar. Também os de Galaad e da
Galiléia os atacaram pelos flancos, causando-lhes muitas baixas, até mais além
de Damasco e suas fronteiras.
6. Os que ficaram em Betúlia caíram sobre o acampamento assírio e o
devastaram, recolhendo imensos despojos.
7. Ao voltar da matança, os israelitas se apossaram do resto. Os
habitantes das aldeias e dos lugares da serra e da planície tomaram posse de
muitos despojos. O saque foi enorme.
O Deus que acaba com as guerras
8.
O sumo sacerdote Joaquim e o conselho de anciăos
israelitas de Jerusalém foram contemplar os benefícios que o Senhor tinha feito
por Israel e também para conhecer Judite.
9. Chegando ŕ casa dela, todos a elogiaram, dizendo: "Vocę é a glória de
Jerusalém! Vocę é a honra de Israel! Vocę é o orgulho da nossa gente!
10. Vocę fez essas coisas com sua própria măo, realizando benefícios para
Israel, e Deus se alegrou com isso. Que o Senhor Todo-poderoso abençoe vocę para
todo o sempre!" E todos aclamaram: "Amém".
11. O saque do acampamento durou trinta dias. Deram a Judite a tenda de
Holofernes, com toda a sua prataria, leitos, vasilhas e móveis. Judite recolheu
tudo e o carregou sobre sua mula. Atrelou os carros e empilhou tudo em cima
deles.
12. Todas as mulheres israelitas correram para ver Judite e dar-lhe uma
boa recepçăo. Algumas organizaram uma dança em sua honra. Judite pegou ramos e
os repartiu com as companheiras,
13. que fizeram coroas com folhas de oliveira para Judite e para si
mesmas. Depois Judite foi na frente de todos, dirigindo a dança das mulheres. Os
israelitas iam logo atrás, armados, coroados e cantando hinos.
14. No meio de todos os israelitas, Judite entoou este cântico de açăo de
graças, enquanto todo o povo a acompanhava com refrăes:
Judite 16
1. "Louvem o meu Deus com pandeiros, celebrem o Senhor com címbalos.
Componham para ele um salmo de louvor. Exaltem e invoquem o seu nome.
2. O Senhor é um Deus que acaba com as guerras. Do seu acampamento no
meio do povo, ele me livrou da măo dos perseguidores.
3. A Assíria chegou das montanhas do norte, com seus milhares de
soldados. Sua multidăo cercou as torrentes e seus cavalos cobriram as colinas.
4. Ameaçou incendiar meu território e matar meus jovens ŕ espada. Ameaçou
jogar no chăo meus nenęs, tomar minhas crianças como presa e raptar as minhas
jovens.
5. Mas o Senhor Todo-poderoso os deixou frustrados pela măo de uma
mulher.
6. Seu chefe năo caiu diante de soldados, nem foi ferido por filhos de
tităs ou atacado por gigantes enormes. Foi Judite, filha de Merari, que o
desarmou com a beleza de seu rosto.
7. Ela deixou as vestes de viúva, para levantar os aflitos de Israel.
Ungiu o rosto com perfume,
8. prendeu os cabelos com turbante e se vestiu de linho para seduzi-lo.
9. Sua sandália cativou o olhar dele. Sua beleza lhe escravizou a alma, e
a espada lhe cortou o pescoço!
10. Os persas se assustaram com a audácia dela, e os medos se perturbaram
com sua ousadia.
11. Entăo meus pobres lançaram o grito de guerra, e eles ficaram
assustados. Meus fracos lançaram seu grito, e eles se encheram de terror.
Levantaram a voz e eles recuaram.
12. Filhos de escravos os transpassaram e os feriram como a desertores. E
eles pereceram na batalha do meu Senhor.
13. Cantarei a meu Deus um cântico novo: Senhor, tu és grande e glorioso,
admirável e invencível em tua força!
14. Que toda a criaçăo sirva a ti, porque ordenaste, e os seres
existiram. Enviaste o teu espírito, e eles foram feitos. E nada pode resistir ŕ
tua voz.
15. As ondas sacudirăo o alicerce das montanhas e, diante de ti, as
rochas derreterăo como cera. E tu serás favorável aos teus fiéis.
16. Os sacrifícios de odor agradável pouco valem, e a gordura dos
holocaustos é um nada, mas quem teme o Senhor sempre será grande.
17. Ai das naçőes que atacam o meu povo! O Senhor Todo-poderoso as
castigará no dia do julgamento. Ele porá fogo e vermes na carne deles, e eles
chorarăo de dor para sempre".
18. Chegando a Jerusalém, adoraram a Deus e, quando todos terminaram de
purificar-se, ofereceram holocaustos, sacrifícios espontâneos e ofertas votivas.
19. Judite consagrou ao Senhor todos os objetos de Holofernes, que o povo
lhe tinha dado, e também o mosquiteiro que ela mesma pegara do leito dele.
20. O povo continuou a festejar em Jerusalém, perto do Templo, durante
tręs meses. E Judite ficou entre eles.
A fama de Judite
21.
Depois disso, cada um voltou para a sua herança.
Judite retornou para Betúlia e continuou vivendo em sua propriedade. Durante
toda a vida, ficou muito famosa em todo o país.
22. Teve muitos pretendentes, mas, desde que seu marido Manassés morreu e
se reuniu com os seus, ela nunca mais se casou.
23. E a fama de Judite crescia sempre mais. Viveu na casa de seu marido
até a idade de cento e cinco anos. Deu liberdade ŕ sua serva e morreu em
Betúlia, sendo enterrada na sepultura de seu marido Manassés.
24. Os israelitas fizeram luto por sete dias. Antes de morrer, Judite
repartiu seus bens entre os parentes de seu marido Manassés e entre seus
próprios parentes.
25. Em seu tempo e depois, durante muitos anos, ninguém mais molestou os
israelitas.
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