II
Samuel 1
DAVI LAMENTA SAUL E JÔNATAS
1. Depois da morte de Saul, Davi voltou da vitória sobre os amalecitas e
ficou dois dias em Siceleg.
2. No terceiro dia, chegou alguém do acampamento de Saul, com as roupas
rasgadas e a cabeça coberta de pó. Chegando perto de Davi, ele se jogou por
terra e se prostrou.
3. Davi perguntou: "De onde você vem?" O homem respondeu: "Escapei com
vida do acampamento de Israel".
4. Davi perguntou: "O que foi que aconteceu? Diga logo". O homem
respondeu: "As tropas fugiram do campo de batalha, muitos caíram e estão mortos.
Até Saul e seu filho Jônatas morreram".
5. Davi perguntou ao moço que o informava: "Como é que você sabe que Saul
e seu filho Jônatas estão mortos?"
6. O mensageiro respondeu: "Eu estava casualmente no monte Gelboé e vi
Saul apoiado em sua própria lança, enquanto os carros e cavaleiros se
aproximavam.
7. Saul virou-se, me viu e me chamou. Eu disse: 'Estou aqui'.
8. Saul me perguntou: 'Quem é você?' Eu respondi: 'Sou um amalecita'.
9. Então Saul me disse: 'Aproxime-se e mate-me, pois estou agonizando e
não acabo de morrer'.
10. Então eu me aproximei dele e o matei, porque eu sabia que ele não
iria mesmo sobreviver depois de caído. Em seguida, peguei a coroa que ele trazia
na cabeça e o bracelete que estava no seu braço e os trouxe aqui para o meu
senhor".
11. Então Davi rasgou suas próprias roupas. E todos os homens que o
acompanhavam fizeram o mesmo.
12. Lamentaram, choraram e jejuaram até a tarde por Saul e por seu filho
Jônatas, e também por causa do povo de Javé e pela casa de Israel, porque haviam
sido mortos pela espada.
13. Depois Davi perguntou ao moço que havia trazido a notícia: "De onde
você é?" Ele respondeu: "Sou filho de um imigrante amalecita".
14. Davi lhe perguntou: "E como você se atreveu a levantar a mão para
matar o ungido de Javé?"
15. Então Davi chamou um dos rapazes e ordenou: "Venha aqui e mate esse
homem". O rapaz feriu o homem e ele morreu.
16. E Davi disse: "Você é responsável por sua própria morte, pois com a
própria boca você testemunhou contra si mesmo, dizendo que matou o ungido de
Javé".
17. Davi entoou esta lamentação para Saul e seu filho Jônatas,
18. e ordenou que fosse ensinada aos filhos de Judá. Ela se encontra no
Livro do Justo.
19. A honra de Israel pereceu nas alturas. Como foi que os valentes
caíram?
20. Não contem isso em Gat, nem proclamem nas ruas de Ascalon. Que as
jovens filistéias não se alegrem e as filhas dos incircuncisos não exultem.
21. Montanhas de Gelboé, que o orvalho e a chuva não caiam sobre vocês e
nunca mais haja campos férteis, pois o escudo dos valentes foi desonrado. O
escudo de Saul não foi ungido com óleo,
22. mas com o sangue dos feridos e a gordura dos valentes. O arco de
Jônatas não recuava e a espada de Saul não voltava sem sangue.
23. Saul e Jônatas, amados e queridos, nem a vida nem a morte os
separaram. Eram mais velozes do que as águias e mais fortes do que os leões.
24. Moças de Israel, chorem por Saul: ele vestiu vocês com púrpura e
linho, e enfeitou de ouro os seus vestidos.
25. Como os valentes caíram no combate! Jônatas, sua morte rasgou-me o
coração!
26. Como sofro por você, Jônatas, meu irmão! Como eu lhe queria bem! Para
mim, o seu amor era mais caro do que o amor das mulheres!
27. Como caíram os valentes! Como pereceram as armas de guerra!
[II Samuel 2]IV. DAVI: FUNDAÇÃO DE UM
ESTADO E SURGIMENTO DE UMA NAÇÃO
1. DAVI, REI DE JUDÁ
II Samuel 2
DAVI É UNGIDO REI
1. Depois disso, Davi consultou a Javé: "Posso ir para alguma cidade de
Judá?" Javé respondeu: "Pode". Davi perguntou: "Para qual delas posso ir?" A
resposta foi: "Hebron".
2. Davi subiu para lá, junto com suas duas mulheres: Aquinoam de Jezrael
e Abigail, mulher de Nabal de Carmel.
3. Levou também todos os seus homens, junto com suas famílias. E se
estabeleceram nas aldeias de Hebron.
4. Os homens de Judá foram para lá e ungiram Davi como rei sobre a casa
de Judá. Comunicaram a Davi que os habitantes de Jabes de Galaad tinham
enterrado Saul.
5. Então Davi enviou mensageiros aos habitantes de Jabes, dizendo: "Que
Javé os abençoe por terem realizado esse ato de misericórdia para com seu senhor
Saul e o terem enterrado.
6. Que Javé os trate com misericórdia e fidelidade. Eu também os
recompensaria por essa boa ação.
7. Agora, tenham coragem e sejam valentes. O seu rei Saul está morto, mas
a casa de Judá já me sagrou como seu rei".
MEDIÇÃO DE FORÇAS
8. Abner, filho de Ner, chefe do exército de Saul, tinha levado consigo
Isbaal, filho de Saul, e o tinha feito ir a Maanaim.
9. Abner o estabeleceu como rei sobre Galaad, sobre os de Aser, de
Jezrael, Efraim, Benjamim e sobre todo o Israel.
10. Isbaal, filho de Saul, tinha quarenta anos quando se tornou rei de
Israel, e reinou por dois anos. Somente a casa de Judá seguia Davi.
11. E Davi reinou sobre a casa de Judá, em Hebron, durante sete anos e
meio.
12. Abner, filho de Ner, e os servos de Isbaal, filho de Saul, foram de
Maanaim para Gabaon.
13. Joab, filho de Sárvia, e os oficiais de Davi puseram-se a caminho e
os encontraram perto do açude de Gabaon: os de Joab ficaram de um lado do açude,
e do outro lado os de Abner.
14. Então Abner propôs a Joab: "Deixe que alguns jovens venham lutar
diante de nós". Joab respondeu: "Está bem".
15. Doze benjaminitas se prepararam e atravessaram para lutar por Isbaal,
filho de Saul; e doze dos oficiais de Davi também se apresentaram.
16. Cada um deles agarrou a cabeça do adversário e lhe enterrou a espada
no flanco, de modo que todos caíram juntos. É por isso que esse lugar ficou
sendo chamado Campo dos Flancos, e está localizado em Gabaon.
17. Nesse dia, houve uma batalha violenta, e os oficiais de Davi
derrotaram Abner e os israelitas.
18. Estavam aí os três filhos de Sárvia: Joab, Abisaí e Asael. Ora, Asael
corria como as gazelas selvagens,
19. e perseguiu Abner sem parar e sem se desviar de um lado para outro.
20. Abner olhou para trás e perguntou: "É você, Asael?" E Asael
respondeu: "Sou eu mesmo".
21. Então Abner disse: "Vá para a direita ou para a esquerda, agarre um
dos meus rapazes e pegue suas armas". Asael, porém, não quis parar de
persegui-lo.
22. Abner insistiu: "Pare de me perseguir. Por que eu haveria de ferir
você e deixá-lo no chão? Com que cara eu iria depois me apresentar diante do seu
irmão Joab?"
23. Como Asael não quis afastar-se, Abner lhe furou a barriga com a parte
de trás da lança, de modo que esta lhe saiu pelas costas. Asael caiu, e morreu
aí mesmo. Todos os que chegavam ao lugar onde Asael estava caído e morto,
paravam.
24. Joab e Abisaí começaram a perseguir Abner e, ao pôr-do-sol, chegaram
à colina de Ama, que está a leste de Gaia, no caminho do deserto de Gabaon.
25. Os benjaminitas se concentraram atrás de Abner, em formação cerrada,
e pararam no alto de uma colina.
26. Então Abner gritou para Joab e disse: "Será que a espada vai ficar
devorando para sempre? Você não sabe que no fim vai sobrar somente amargura?
Quando é que você vai ordenar a seu pessoal que pare de perseguir os seus
irmãos?"
27. Joab respondeu: "Pela vida de Javé, se você não tivesse falado, só
pela manhã este pessoal deixaria de perseguir seus irmãos".
28. Então Joab mandou soar a trombeta, e toda a tropa suspendeu o combate
e parou de perseguir Israel. Não batalharam mais.
29. Abner e seus homens caminharam toda a noite pelo deserto,
atravessaram o Jordão e, depois de marcharem toda a manhã seguinte, chegaram a
Maanaim.
30. Joab parou de perseguir Abner e reuniu toda a tropa: dos guerreiros
de Davi morreram dezenove homens e também Asael.
31. Mas tinham matado trezentos e sessenta homens de Benjamim e de Abner.
32. Levaram o cadáver de Asael e o enterraram em Belém, no túmulo da
família. Joab e seus homens marcharam a noite inteira e chegaram a Hebron pelo
amanhecer.
[II Samuel 3]II Samuel 3
FUTUROS CONCORRENTES
1. A guerra entre as famílias de Saul e Davi continuou, mas Davi se
fortalecia cada vez mais, ao passo que a família de Saul se enfraquecia.
2. Davi teve vários filhos em Hebron: o primeiro foi Amnon, nascido de
Aquinoam de Jezrael;
3. o segundo, Queleab, nascido de Abigail, que tinha sido mulher de Nabal
de Carmel; o terceiro, Absalão, nascido de Maaca, filha de Tolmai, rei de
Gessur;
4. o quarto, Adonias, nascido de Hagit; o quinto, Safatias, nascido de
Abital;
5. o sexto, Jetraam, nascido da esposa Egla. Foram esses os filhos que
Davi teve em Hebron.
O CAMINHO PARA A UNIFICAÇÃO DO PODER
6. Durante a luta entre as famílias de Saul e Davi, Abner foi adquirindo
na família de Saul prestígio cada vez maior.
7. Saul tinha tido uma concubina chamada Resfa, filha de Aías. Isbaal
perguntou a Abner: "Por que você se uniu com a concubina de meu pai?"
8. Abner ficou furioso com a pergunta de Isbaal e respondeu: "Por acaso,
eu sou um cachorro? Sempre trabalhei lealmente pela família de seu pai Saul,
pelos seus irmãos e amigos, e não deixei você cair nas mãos de Davi. E agora
você vem me criticar por uma questão de mulher?
9. Que Deus me castigue, se eu não cumprir o juramento que Javé fez a
Davi:
10. Vou tirar a realeza da família de Saul e estabelecer o trono de Davi
sobre Israel e sobre Judá, desde Dã até Bersabéia".
11. Isbaal tinha medo de Abner, e não se atreveu a responder uma só
palavra.
12. Abner enviou mensageiros para dizerem a Davi: "De quem é o país?" Ele
queria dizer: "Faça uma aliança comigo, e eu o ajudarei a reunir todo o Israel
em torno de você".
13. Davi respondeu: "Muito bem. Vou fazer uma aliança com você. Só exijo
uma coisa: quando você vier ao meu encontro só o receberei se me trouxer Micol,
filha de Saul".
14. Davi mandou também mensageiros a Isbaal, filho de Saul, dizendo:
"Entregue-me a minha mulher Micol, que adquiri por cem prepúcios de filisteus".
15. Isbaal mandou tomar Micol do seu marido Faltiel, filho de Lais.
16. E Faltiel seguiu a esposa até Baurim. Então Abner lhe disse: "Volte!"
E ele voltou.
17. Abner tinha conversado com os anciãos de Israel e lhes tinha dito:
"Faz tempo que vocês queriam ter Davi como rei.
18. Pois bem, chegou o momento, porque Javé falou isto a respeito de
Davi: 'É por meio do meu servo Davi que eu livrarei o meu povo Israel do poder
dos filisteus e de todos os seus inimigos' ".
19. Abner falou também aos de Benjamim. Depois foi a Hebron contar a Davi
tudo o que Israel e a família de Benjamim tinham aprovado.
20. Acompanhado de vinte homens, Abner chegou a Hebron para conversar com
Davi, e Davi ofereceu uma recepção para Abner e os homens que tinham ido com
ele.
21. Então Abner disse a Davi: "Vou reunir todo o Israel ao redor do
senhor meu rei: eles farão uma aliança com você, e você reinará conforme
deseja". Davi se despediu de Abner, e este partiu em paz.
22. Os guerreiros de Davi e Joab tinham acabado de chegar da incursão,
transportando muitos despojos. Abner não estava mais em Hebron, pois Davi o
tinha despedido e ele tinha partido em paz.
23. Quando Joab e sua tropa chegaram, disseram a Joab que Abner, filho de
Ner, tinha vindo e estado com o rei, e este o tinha deixado partir em paz.
24. Então Joab foi conversar com o rei e lhe disse: "O que foi que você
fez? Abner esteve aqui, e você o deixou partir?
25. Você conhece bem Abner, filho de Ner! Ele veio para enganá-lo. Ele
quer conhecer seus movimentos e saber o que você está fazendo".
26. Joab saiu do palácio e, sem que Davi soubesse, enviou mensageiros
atrás de Abner, que o fizeram voltar desde o poço de Sira.
27. Quando Abner voltou a Hebron, Joab o chamou à parte, a um lado da
entrada, para falar com ele a sós; e aí o feriu mortalmente na barriga, por
causa do seu irmão Asael.
28. Quando Davi ficou sabendo, disse: "Eu e o meu reino, diante de Javé,
somos para sempre inocentes do sangue de Abner, filho de Ner.
29. Que o sangue de Abner caia sobre a cabeça de Joab e sobre toda a sua
família. Que na família de Joab nunca falte quem sofra de gonorréia ou seja
leproso, assalariado, ou pessoas mortas pela espada ou de fome".
30. Joab e seu irmão Abisaí tinham assassinado Abner porque ele matara
seu irmão Asael no combate de Gabaon.
31. Então Davi ordenou a Joab e seus acompanhantes: "Rasguem as roupas,
vistam panos de saco e façam luto por Abner". O rei Davi ia atrás, acompanhando
o enterro.
32. Enterraram Abner em Hebron. O rei soluçava alto junto à sepultura, e
todo o povo também chorava.
33. E o rei cantou esta lamentação por Abner: "Será que Abner precisava
morrer como insensato?
34. Suas mãos não conheciam correntes e seus pés não estavam presos em
grilhões. Mas você caiu, como quem cai em poder de malfeitores". E todo o povo
continuou chorando.
35. Depois o povo chamou Davi para forçá-lo a comer, enquanto era dia.
Mas Davi jurou: "Que Deus me castigue, se antes do pôr-do-sol eu comer pão ou
qualquer outro alimento".
36. Todo o povo notou isso e achou justo, pois todos aprovavam o que o
rei fazia.
37. Nesse dia, todo o povo e todo o Israel ficou sabendo que o rei não
tinha nada a ver com o assassinato de Abner, filho de Ner.
38. E o rei disse aos seus ministros: "Vocês sabem que hoje caiu em
Israel um grande chefe.
39. Eu ainda sou fraco, apesar de ter sido ungido rei. Esses homens, os
filhos de Sárvia, são mais duros do que eu. Que Javé castigue o mau, conforme a
sua maldade".
[II Samuel 4]II Samuel 4
CAI O ÚLTIMO OBSTÁCULO
1. Quando soube que Abner tinha morrido em Hebron, Isbaal, filho de Saul,
se acovardou, e todo o Israel ficou alarmado.
2. Isbaal, filho de Saul, tinha dois chefes de guerrilhas: um se chamava
Baana e o outro, Recab. Eram filhos de Remon de Berot e benjaminitas, porque
Berot também se considerava da tribo de Benjamim.
3. Os habitantes de Berot fugiram para Getaim, onde permanecem até hoje
como imigrantes.
4. Aí vivia um filho de Jônatas, filho de Saul, que era aleijado dos dois
pés. Ele tinha cinco anos, quando chegou de Jezrael a notícia da morte de Saul e
Jônatas. Então a ama o pegou e fugiu; mas, na fuga apressada, a criança caiu e
se machucou. Chamava-se Meribaal.
5. Recab e Baana, filhos de Remon de Berot, estavam a caminho e chegaram
à casa de Isbaal na hora mais quente do dia, quando Isbaal dormia.
6. A porteira, que estava limpando o trigo, tinha cochilado e dormia.
Recab e seu irmão Baana entraram sem ser percebidos.
7. Entraram na casa, enquanto Isbaal dormia na cama. Eles o mataram e lhe
cortaram a cabeça. Depois carregaram a cabeça, andando a noite toda pela estrada
do deserto.
8. Levaram a cabeça de Isbaal a Davi em Hebron, e disseram ao rei: "Aqui
está a cabeça de Isbaal, filho de Saul, o inimigo que queria matar você. Javé
trouxe hoje ao senhor meu rei uma vingança contra Saul e sua descendência".
9. Davi, porém, dirigiu-se a Recab e seu irmão Baana, filhos de Remon de
Berot, e lhes disse: "Pela vida de Javé, que me salvou a vida de todo perigo!
10. Quem anunciou a morte de Saul, acreditava que estava trazendo uma boa
notícia! Pois eu o agarrei e o matei em Siceleg, em troca da boa notícia!
11. Com maior razão ainda, será que não devo pedir contas a vocês do
sangue de Isbaal e fazê-los desaparecer da face da terra, por terem matado um
homem honesto dentro de sua casa, enquanto dormia na sua cama?"
12. Então Davi ordenou a seus jovens que matassem Recab e Baana. Eles
cortaram as mãos e os pés dos dois e penduraram seus corpos perto do açude de
Hebron. Depois pegaram a cabeça de Isbaal e a enterraram no túmulo de Abner, em
Hebron.
[II Samuel 5]2. DAVI, REI DE JUDÁ E
DE ISRAEL
II Samuel 5
NASCE UMA NAÇÃO
1. Todas as tribos de Israel foram encontrar-se com Davi em Hebron, e lhe
propuseram: "Veja! Somos do mesmo sangue.
2. Já antes, quando Saul era nosso rei, o verdadeiro comandante de Israel
era você. E Javé lhe disse: 'Você será o pastor do meu povo Israel. Você será o
chefe de Israel' ".
3. Todos os anciãos de Israel foram visitar o rei em Hebron, e Davi fez
um pacto com eles em Hebron, diante de Javé. E eles ungiram Davi como rei de
Israel.
4. Davi tinha trinta anos quando começou a reinar, e reinou durante
quarenta anos.
5. Em Hebron, ele reinou sete anos e meio sobre Judá. Depois, em
Jerusalém, reinou trinta e três anos sobre todo o Israel e sobre Judá.
JERUSALÉM, CENTRO POLÍTICO DO REINO
6. Davi marchou com seus homens sobre Jerusalém, contra os jebuseus que
habitavam o território. Os jebuseus disseram a Davi: "Não entre aqui, porque
bastam os cegos e aleijados para o repelir". Era a maneira de dizer que Davi não
entraria na cidade.
7. Mas Davi conquistou a fortaleza de Sião, que ficou sendo a cidade de
Davi.
8. Nesse dia, Davi disse: "Todo aquele que ferir os jebuseus e subir pelo
canal... Quanto aos cegos e aleijados, Davi os detesta". É por isso que se diz:
"Os cegos e aleijados não poderão entrar no Templo".
9. Davi se instalou na fortaleza e deu-lhe o nome de Cidade de Davi. Em
seguida, construiu uma grande muralha ao seu redor, desde o Melo até o interior.
10. Davi ia crescendo em poder. E Javé, Deus dos exércitos, estava com
ele.
11. Hiram, rei de Tiro, enviou uma embaixada a Davi, com madeira de
cedro, carpinteiros e pedreiros, para construir um palácio para Davi.
12. Então Davi percebeu que Javé o tinha confirmado como rei sobre
Israel, e lhe estava exaltando a realeza por causa de Israel, povo de Javé.
13. Chegando de Hebron, Davi ainda tomou concubinas e mulheres em
Jerusalém, e teve filhos e filhas.
14. Os nomes dos filhos que teve em Jerusalém são: Samua, Sobab, Natã,
Salomão,
15. Jebaar, Elisua, Nafeg, Jáfia,
16. Elisama, Baaliada e Elifalet.
VITÓRIAS CONTRA O INIMIGO
17. Os filisteus souberam que Davi fora ungido rei de Israel e subiram
todos para o capturar. Ao saber disso, Davi desceu para o refúgio.
18. Os filisteus chegaram e se espalharam pelo vale dos Rafaim.
19. Então Davi consultou a Javé: "Devo atacar os filisteus? Tu os
entregarás em meu poder?" Javé respondeu a Davi: "Pode atacar. Vou lhe entregar
os filisteus em seu poder".
20. Davi foi para Senhor-das-Brechas e aí venceu os filisteus. Davi
disse: "Javé abriu para mim uma brecha nos meus inimigos, como uma brecha feita
pelas águas". É por isso que esse lugar se chama Senhor-das-Brechas.
21. Os filisteus abandonaram aí seus ídolos, e Davi com seus homens os
levaram.
22. Os filisteus subiram outra vez e se espalharam pelo vale dos Rafaim.
23. Davi consultou a Javé, que respondeu: "Não os ataque pela frente. Dê
a volta por trás deles e os ataque pelo lado das amoreiras.
24. Quando você ouvir um rumor de passos na copa das amoreiras, aja com
rapidez, porque é Javé quem avança à frente de você para derrotar o exército
filisteu".
25. Davi fez exatamente o que Javé tinha mandado, e derrotou os filisteus
desde Gabaon até a entrada de Gazer.
[II Samuel 6]II Samuel 6
JERUSALÉM, CENTRO RELIGIOSO DO POVO
1. Davi reuniu de novo os melhores homens de Israel, cerca de trinta mil.
2. Junto com seu exército, partiu para Baala de Judá, a fim de
transportar a arca de Deus que aí estava e que levava o nome de Javé dos
exércitos, assentado sobre os querubins.
3. Carregaram a arca de Deus numa carroça nova, para tirá-la da casa de
Abinadab, que ficava sobre uma colina. Oza e Aio, filhos de Abinadab, conduziam
a carroça nova.
4. Oza caminhava à esquerda da arca de Deus e Aio ia na frente dela.
5. Davi e toda a casa de Israel, entusiasmados, iam fazendo festa diante
de Javé, cantando ao som de cítaras, harpas, tamborins, pandeiros e marimbas.
6. Quando chegaram à eira de Nacon, como os bois estavam fazendo a arca
de Deus tombar, Oza estendeu a mão para segurá-la.
7. Então a ira de Javé se inflamou contra Oza, e Deus o feriu por causa
da sua falta; e Oza morreu aí mesmo, junto à arca de Deus.
8. Davi ficou triste, porque Javé abrira uma brecha, atacando Oza; por
isso, deram a esse lugar o nome de Brecha de Oza, nome que se conserva até hoje.
9. Nesse dia, Davi teve medo de Javé, e disse: "Como é que a arca de Javé
poderá ser introduzida em minha casa?"
10. Então Davi desistiu de transferir a arca de Javé para a cidade de
Davi. Por isso a levou para a casa de Obed-Edom de Gat.
11. A arca de Javé permaneceu três meses na casa de Obed-Edom de Gat. Por
isso é que Javé abençoou Obed-Edom e toda a sua família.
12. Então informaram ao rei Davi: "Javé abençoou a família de Obed-Edom e
todos os seus por causa da arca de Deus". Contente, Davi foi e transportou a
arca de Deus da casa de Obed-Edom para a cidade de Davi.
13. Cada seis passos que os carregadores da arca de Javé davam, Davi
sacrificava um boi e um bezerro gordo.
14. Davi dançava com todo o entusiasmo diante de Javé e vestia um efod de
linho.
15. Desse modo, Davi e toda a casa de Israel conduziram a arca de Javé,
com aclamações e toques de trombeta.
16. Quando a arca de Javé entrou na cidade de Davi, Micol, filha de Saul,
estava olhando pela janela e viu o rei Davi pulando e dançando diante de Javé;
por isso, o desprezou no seu íntimo.
17. Levaram a arca de Javé e a colocaram no lugar reservado para ele,
dentro da tenda que Davi tinha mandado armar. Depois, Davi ofereceu holocaustos
diante de Javé e também sacrifícios de comunhão.
18. Tendo terminado de oferecer holocaustos e sacrifícios de comunhão,
Davi abençoou o povo em nome de Javé dos exércitos.
19. E distribuiu a todo o povo e a toda a multidão de Israel, homens e
mulheres, um pedaço de pão, um bolo de tâmaras e um doce de uvas passas para
cada pessoa. Em seguida, cada um foi embora para casa.
20. Davi voltou para abençoar a sua família. Então Micol, filha de Saul,
saiu ao encontro dele, e disse: "Hoje o rei de Israel se honrou muito,
desnudando-se diante das servas de seus servos, como se fosse um homem
qualquer!"
21. Davi respondeu a Micol: "Diante de Javé que escolheu a mim, e não ao
seu pai e à família dele, para colocar-me como chefe sobre o povo de Javé, sobre
Israel, eu farei festa diante de Javé,
22. e me humilharei ainda mais. Serei desprezível aos olhos de você, mas
serei honrado aos olhos das servas, de quem você está falando".
23. E Micol, filha de Saul, não teve filhos até o dia de sua morte.
[II Samuel 7]II Samuel 7
FUNDAÇÃO DO PODER DINÁSTICO
1. O rei Davi foi morar no seu palácio e Javé o livrou de todos os
inimigos ao redor.
2. Então ele disse ao profeta Natã: "Veja! Eu moro em palácio de cedro,
enquanto a arca de Deus mora numa tenda!"
3. Natã respondeu ao rei: "Vá e faça tudo o que está pensando, porque
Javé está com você".
4. Nessa mesma noite, porém, a palavra de Javé foi dirigida a Natã:
5. "Vá dizer ao meu servo Davi: Assim diz Javé: Você quer construir uma
casa para eu morar?
6. Pois bem: eu não morei em casa nenhuma desde o dia em que tirei os
filhos de Israel do Egito até hoje. Sempre andei errante sob uma tenda e um
abrigo.
7. Durante todo o tempo em que caminhei junto com os filhos de Israel,
por acaso eu disse para algum dos juízes de Israel, que estabeleci como pastores
do meu povo: 'Por que você não constrói uma casa de cedro para mim?'
8. Portanto, diga ao meu servo Davi: Assim diz Javé dos exércitos: Eu
tirei você do pastoreio, onde você cuidava das ovelhas, para fazê-lo chefe do
meu povo Israel.
9. Estive com você em toda parte por onde você andava, e destruí na sua
frente todos os seus inimigos. E eu darei a você um grande nome, como o nome dos
grandes da terra.
10. Fixarei um lugar para o meu povo Israel, eu o firmarei, para que
habite no seu lugar próprio. E assim ele não precisará mais andar errante. Os
perversos não continuarão a oprimi-lo como antes,
11. como acontece desde o dia em que estabeleci juízes sobre o meu povo
Israel. Eu livrarei você de todos os seus inimigos. Javé informa que vai fundar
uma dinastia para você.
12. E quando esgotar seus dias e você repousar junto a seus antepassados,
eu exaltarei a sua descendência depois de você, aquele que vai sair de você. E
firmarei a realeza dele.
13. Ele é que vai construir uma casa para o meu nome. E eu estabelecerei
o trono real dele para sempre.
14. Serei para ele um pai e ele será um filho para mim. Se ele falhar, eu
o corrigirei com bastão e chicote, como se costuma fazer.
15. Mas eu não desistirei de ser fiel para com ele, como desisti de Saul,
que tirei da frente de você.
16. A dinastia e a realeza dele permanecerão firmes para sempre diante de
mim; e o seu trono será sólido para sempre".
17. Natã comunicou a Davi todas essas palavras e toda essa visão.
O REI DEVE SERVIR A JAVÉ E AO POVO
18. O rei Davi foi, ficou diante de Javé, e disse: "Quem sou eu, Senhor
Javé, e o que é a minha família para que me conduzisses até aqui?
19. E, no entanto, isso ainda é pouco para ti, Senhor Javé! Fizeste ainda
promessas para a família de teu servo, para o futuro distante, enquanto existir
a humanidade, Senhor Javé!
20. O que poderei eu, Davi, acrescentar às tuas palavras? Tu conheces o
teu servo, Senhor Javé!
21. É por causa da tua palavra e segundo o teu coração que fizeste o teu
servo conhecer todas essas grandes coisas.
22. Por isso tu és grande, Senhor Javé! Ninguém é como tu, e não existe
nenhum deus além de ti, como ouvimos com os nossos próprios ouvidos!
23. Quem é como o teu povo, como Israel, a única nação da terra que Deus
veio resgatar para ser seu povo e para lhe dar um nome? Realizaste coisas
grandes e terríveis em favor dele, do teu país, do teu povo, que resgataste do
Egito, dentre as nações e os deuses.
24. Estabeleceste o teu povo Israel para ser o teu povo para sempre. Tu,
Javé, te tornaste o seu Deus.
25. Agora, Javé Deus, confirma para sempre a promessa que fizeste ao teu
servo e para a família dele, e faze como prometeste.
26. E o teu nome será engrandecido para sempre. Então se dirá: Javé dos
exércitos é o Deus de Israel. Então a família de teu servo Davi permanecerá
firme diante de ti.
27. De fato, Javé dos exércitos e Deus de Israel, tu mostraste uma visão
ao teu servo e disseste: 'Construirei uma dinastia para você'. É por isso que o
teu servo encontrou coragem para te fazer esta oração.
28. Senhor Javé, tu és Deus! E o que disseste é verdade. Tu prometeste
essas coisas boas ao teu servo!
29. Agora, consente em abençoar a família do teu servo, para que esteja
sempre na tua presença. Porque tu falaste, Senhor Javé, e através da tua bênção
a família de teu servo será abençoada para sempre".
[II Samuel 8]II Samuel 8
LIBERTAÇÃO FRENTE AOS INIMIGOS
1. Depois disso, Davi derrotou os filisteus e subjugou-os, tomando deles
o controle militar.
2. Derrotou também os moabitas e, depois de os estender no chão, mediu-os
com a corda: mediu duas cordas para condená-los à morte e uma corda inteira para
deixá-los com vida. Depois disso, os moabitas tornaram-se súditos de Davi e
começaram a pagar-lhe tributo.
3. Davi derrotou também Adadezer, filho de Roob, rei de Soba, quando este
pretendia estender seu domínio sobre o rio Eufrates.
4. Davi tomou dele mil e setecentos condutores de carro, vinte mil homens
da infantaria, e cortou os tendões de todas as parelhas de cavalos, conservando
apenas cem.
5. Os arameus de Damasco foram socorrer Adadezer, rei de Soba, mas Davi
feriu vinte e dois mil homens dentre os arameus.
6. Depois colocou governadores em Aram de Damasco, e os arameus se
tornaram súditos dele, pagando-lhe tributos. E Javé fazia Davi sair vitorioso em
qualquer lugar por onde ele ia.
7. Davi ainda tomou os escudos de ouro que os guerreiros de Adadezer
usavam e os levou para Jerusalém.
8. Tomou também grande quantidade de cobre de Tebá e Berotai, cidades de
Adadezer.
9. Toú, rei de Emat, soube que Davi tinha derrotado todo o exército de
Adadezer.
10. Ora, como Adadezer era inimigo de Toú, este enviou seu filho Adoram
para saudar Davi e cumprimentá-lo por ter enfrentado Adadezer e o ter derrotado.
Adoram levou objetos de prata, ouro e bronze,
11. os quais o rei Davi consagrou a Javé, juntamente com o ouro e a prata
que havia tomado de todas as nações conquistadas:
12. de Aram e Moab, dos amonitas e filisteus, dos amalecitas e dos
despojos de Adadezer, filho de Roob, rei de Soba.
13. A fama de Davi aumentou quando ele retornou vitorioso contra dezoito
mil homens de Edom, no Vale do Sal.
14. Davi estabeleceu governadores em todo o território de Edom, de modo
que todos os edomitas se tornaram servos dele. E Javé estava com Davi em
qualquer lugar por onde ele ia.
UM GOVERNO CONFORME A JUSTIÇA E O DIREITO
15. Davi reinou sobre todo o Israel, exercendo o direito e a justiça para
com todo o seu povo.
16. Joab, filho de Sárvia, era o chefe do exército. Josafá, filho de
Ailud, era o porta-voz.
17. Sadoc e Abiatar, filho de Aquitob e neto de Aquimelec, eram os
sacerdotes. Saraías era o secretário.
18. E Banaías, filho de Joiada, comandava os cereteus e feleteus. Os
filhos de Davi eram sacerdotes.
[II Samuel 9]3. A LUTA PELO PODER
II Samuel 9
FIDELIDADE AO COMPROMISSO
1. Davi perguntou: "Existe ainda algum sobrevivente da família de Saul
para que eu mostre benevolência para com ele, por causa de Jônatas?"
2. Na família de Saul havia um servo chamado Siba. Ele foi conduzido até
Davi, e o rei lhe perguntou: "Você é Siba?" Ele respondeu: "Para o servir".
3. O rei perguntou: "Existe algum sobrevivente da família de Saul, para
que eu demonstre a benevolência de Deus para com ele?" Siba disse ao rei:
"Existe ainda um filho de Jônatas, aleijado dos dois pés".
4. Davi perguntou: "Onde ele está?" Siba respondeu: "Na casa de Maquir,
filho de Amiel, em Lo-Dabar".
5. Então Davi mandou buscar o filho de Jônatas na casa de Maquir, filho
de Amiel, em Lo-Dabar.
6. Ao chegar diante de Davi, Meribaal, filho de Jônatas e neto de Saul,
caiu com o rosto por terra e se prostrou. Davi disse: "Meribaal!" Este
respondeu: "Aqui está o seu servo".
7. Davi lhe disse: "Não tenha medo, pois vou usar de benevolência para
com você, por causa de seu pai Jônatas. Restituirei a você todas as terras de
seu avô Saul, e você sempre comerá à minha mesa".
8. Meribaal se prostrou e disse: "Quem é o seu servo, para que o senhor
se dirija a um cão morto como eu?"
9. Então o rei chamou Siba, servo de Saul, e lhe disse: "Tudo o que
pertencia a Saul e à família dele, eu dou ao filho do seu senhor.
10. Você deverá cuidar da terra para ele, você, seus filhos e servos.
Você trará o necessário para o sustento de Meribaal, filho de seu senhor, pois
ele comerá sempre à minha mesa". Siba tinha quinze filhos e vinte servos.
11. Ele disse ao rei: "Tudo o que meu senhor rei mandar, assim o seu
servo fará". E Meribaal começou a comer à mesa de Davi, como se fosse um filho
do rei.
12. Meribaal tinha um filho pequeno, chamado Micas, e todos os servos da
casa de Siba estavam a serviço de Meribaal.
13. Por isso, Meribaal foi morar em Jerusalém, pois comia sempre à mesa
do rei. Ele era aleijado de ambos os pés.
[II Samuel 10]II Samuel 10
AUGE DAS CONQUISTAS DE DAVI
1. Depois disso, o rei dos amonitas morreu, e seu filho Hanon reinou em
seu lugar.
2. Davi pensou: "Vou usar de benevolência para com Hanon, filho de Naás,
do mesmo modo como o pai dele fez comigo". Então Davi enviou embaixadores para
dar os pêsames a Hanon, por causa da morte do pai dele. Quando os servos de Davi
entraram no país dos amonitas,
3. os príncipes amonitas disseram a Hanon, o senhor deles: "Você pensa
que Davi quer honrar seu pai, só porque mandou gente trazer os pêsames para
você? Será que ele não enviou essa gente até aqui para observar a cidade,
conhecer as defesas e depois destruí-la?"
4. Então Hanon mandou pegar os embaixadores de Davi, raspar-lhes a metade
da barba e rasgar a roupa deles pelo meio, até às nádegas. Depois mandou-os de
volta.
5. Ao ser informado, Davi enviou imediatamente alguém ao encontro deles,
porque estavam muito envergonhados. E o rei mandou dizer-lhes: "Fiquem em Jericó
até que a barba de vocês cresça; depois vocês voltarão".
6. Os amonitas perceberam que se haviam tornado odiosos para Davi. Por
isso, mandaram contratar os arameus de Bet-Roob e os arameus de Soba, vinte mil
homens de infantaria. Contrataram também o rei de Maaca com mil homens e gente
de Tob, doze mil homens.
7. Quando Davi soube disso, mandou Joab e todo o exército dos valentes.
8. Os amonitas saíram da cidade e se puseram em ordem de batalha na
entrada da porta, enquanto os arameus de Soba e Roob, mais o pessoal de Tob e de
Maaca, ficaram à parte, em campo aberto.
9. Joab percebeu que iria ser atacado pela frente e pela retaguarda.
Então escolheu todos os melhores de Israel e os dispôs para enfrentar os
arameus,
10. confiando o resto da tropa a seu irmão Abisaí, dispondo-a para
enfrentar os amonitas.
11. E Joab disse a Abisaí: "Se os arameus levarem vantagem sobre mim,
você virá em meu auxílio; se os amonitas levarem vantagem sobre você, então eu
irei em seu auxílio.
12. Seja corajoso, vamos ser corajosos, em favor do nosso povo e das
cidades do nosso Deus! E seja feito o que Javé achar melhor!"
13. Então Joab avançou com a tropa que estava com ele para enfrentar os
arameus, que fugiram diante dele.
14. Ao verem os arameus fugindo, os amonitas também fugiram de Abisaí, e
entraram na cidade. Então Joab voltou da campanha contra os amonitas e reentrou
em Jerusalém.
15. Ao ver que tinham sido derrotados por Israel, os arameus se reuniram.
16. Adadezer mandou recado aos arameus, que estavam do outro lado do rio
Eufrates, para que entrassem na luta. Eles foram para Helam, tendo à frente
Sobac, chefe do exército de Adadezer.
17. Sendo informado, Davi reuniu todo o Israel, atravessou o Jordão e foi
para Helam. Os arameus se prepararam para enfrentar Davi e guerrear contra ele,
18. mas acabaram fugindo diante de Israel. E Davi destruiu setecentos
carros e quarenta mil arameus condutores de carro. Também Sobac, chefe do
exército deles, foi ferido e aí mesmo veio a morrer.
19. Todos os reis dependentes de Adadezer, percebendo que tinham sido
derrotados por Israel, fizeram a paz com Israel e se tornaram seus dependentes.
E os arameus não se arriscaram mais a ajudar os amonitas.
[II Samuel 11]II Samuel 11
DAVI TRAI O SEU POVO
1. Na mudança do ano, quando os reis costumavam sair para a guerra, Davi
mandou Joab, seus guerreiros e todo o Israel. Eles foram, massacraram os
amonitas e sitiaram a cidade de Rabá. Mas Davi ficou em Jerusalém.
2. Numa tarde, levantando-se da cama, Davi, foi passear no terraço do
palácio real. Do terraço, ele viu uma mulher tomando banho. Ela era muito
bonita.
3. Davi mandou colher informações sobre essa mulher. Disseram-lhe: "Ela é
Betsabéia, filha de Eliam e esposa de Urias, o heteu!"
4. Então Davi mandou emissários para que a trouxessem. Betsabéia foi e
Davi teve relações com ela, que tinha acabado de se purificar de suas regras.
Depois ela voltou para casa.
5. Em conseqüência disso, Betsabéia concebeu, e mandou dizer a Davi:
"Estou grávida!"
6. Então Davi mandou dizer a Joab: "Mande que Urias, o heteu, venha falar
comigo". E Joab mandou Urias até Davi.
7. Quando Urias chegou, Davi lhe perguntou como iam Joab, o exército e a
guerra.
8. Depois disse a Urias: "Vá para casa e lave seus pés". Urias saiu do
palácio e recebeu um presente da mesa do rei.
9. Entretanto, Urias não foi para casa: dormiu na porta do palácio com os
guardas do seu senhor.
10. Informaram então a Davi: "Urias não foi para casa". Davi perguntou a
Urias: "Você não chegou de viagem? Por que não foi para casa?"
11. Urias respondeu: "A arca, Israel e Judá estão vivendo em tendas, e
meu chefe Joab e os guerreiros do meu senhor estão acampados ao ar livre. Como
posso ir para minha casa, para comer e beber e dormir com minha mulher? Por sua
própria vida, eu nunca faria uma coisa dessas!"
12. Então Davi disse a Urias: "Fique ainda hoje aqui. Amanhã o deixarei
partir". Urias ficou mais esse dia em Jerusalém. No dia seguinte,
13. Davi convidou Urias para comer e beber em sua presença, e o
embriagou. Pela tarde, Urias saiu e foi deitar-se no mesmo lugar em que dormiam
os guardas de seu senhor, e não foi para casa.
14. Na manhã seguinte, Davi escreveu uma carta para Joab e a mandou por
meio de Urias.
15. Na carta, ele mandava: "Coloque Urias no lugar mais perigoso da
batalha e retirem-se, deixando-o sozinho, para que seja ferido e morra".
16. Joab estava cercando a cidade e colocou Urias no lugar onde sabia que
estavam os guerreiros mais valentes.
17. Os que estavam defendendo a cidade saíram para atacar Joab, e do
exército morreram alguns da guarda de Davi. E morreu também Urias, o heteu.
18. Joab mandou a Davi um relatório sobre a guerra
19. e ordenou ao mensageiro: "Quando você acabar de fazer o relatório
para o rei,
20. o rei poderá ficar enfurecido e perguntar: 'Por que se aproximaram da
cidade para lutar? Vocês não sabiam que os arqueiros atiram do alto das
muralhas?
21. Quem matou Abimelec, o filho de Jerobaal? Foi uma mulher que jogou do
alto da muralha uma pedra de moinho, e Abimelec morreu em Tebes. Por que se
aproximaram da muralha?' Então você dirá: 'Morreu também o seu servo Urias, o
heteu' ".
22. O mensageiro partiu, apresentou-se a Davi e lhe relatou a mensagem de
Joab. Então Davi ficou enfurecido contra Joab.
23. Mas o mensageiro disse a Davi: "É que o inimigo nos atacou de
surpresa, saindo em campo aberto. Nós o fizemos recuar até a entrada da cidade,
24. e então os arqueiros dispararam do alto das muralhas. Alguns
guerreiros do rei caíram mortos e morreu também o seu servo Urias, o heteu".
25. Então Davi falou ao mensageiro: "Diga para Joab não se preocupar com
esse caso. A guerra é assim mesmo: um dia cai um, outro dia cai outro. Que ele
redobre o ataque contra a cidade e a destrua. Procure animá-lo".
26. A mulher de Urias soube que seu marido tinha morrido e ficou de luto.
27. Quando terminou o luto, Davi mandou buscá-la e a recolheu em seu
palácio. Davi a tomou como esposa, e ela deu à luz um filho. Javé, porém,
reprovou o que Davi tinha feito.
[II Samuel 12]II Samuel 12
A SENTENÇA DE JAVÉ
1. Javé mandou o profeta Natã falar com Davi. Natã se apresentou e disse
a Davi: "Havia dois homens numa cidade: um era rico e o outro era pobre.
2. O rico tinha muitos rebanhos de ovelhas e bois.
3. O pobre tinha só uma ovelha, uma ovelhinha que ele havia comprado. O
pobre a criava e ela foi crescendo com ele, com seus filhos, comendo do seu pão,
bebendo de sua vasilha e dormindo no seu colo. Era como filha para ele.
4. Ora, chegou uma visita à casa do homem rico, e este não quis pegar
nenhuma de suas ovelhas ou vacas para servir ao viajante que o visitava. Então
ele pegou a ovelha do homem pobre e a preparou para a sua visita".
5. Davi ficou furioso contra esse homem, e disse a Natã: "Pela vida de
Javé, quem fez isso merece a morte.
6. Por não respeitar o que pertencia a outro, deverá pagar quatro vezes o
valor da ovelha".
7. Então Natã disse a Davi: "Pois esse homem é você mesmo! Assim diz
Javé, Deus de Israel: Eu ungi você como rei de Israel. E eu o salvei de Saul.
8. Eu dei a você a casa do seu senhor. Eu coloquei em seus braços as
mulheres do seu senhor. Eu dei a você a casa de Israel e de Judá. E se isso
ainda não é suficiente, eu darei a você qualquer outra coisa.
9. Então por que você desprezou Javé e fez o que ele reprova? Você
assassinou Urias, o heteu, para se casar com a mulher dele, e matou Urias com
espada dos amonitas.
10. Pois bem! A espada nunca mais se afastará de sua família, porque você
me desprezou e tomou a mulher de Urias, o heteu, para se casar com ela.
11. Assim diz Javé: Eu farei com que a desgraça surja contra você de
dentro de sua própria casa. Pegarei suas mulheres e as darei a outro diante de
seus olhos, e ele dormirá com suas mulheres debaixo da luz deste sol.
12. Você agiu às escondidas, mas eu farei tudo isso diante de todo o
Israel e em pleno dia".
13. Davi disse a Natã: "Pequei contra Javé". Então Natã disse a Davi:
"Javé perdoou o seu pecado. Você não morrerá.
14. Mas, por ter ultrajado a Javé, com seu comportamento, o filho que
você teve morrerá".
15. E Natã foi para casa.
NASCIMENTO DE SALOMÃO Javé atingiu o menino que a mulher de Urias dera a
Davi, e o menino ficou gravemente enfermo.
16. Davi suplicou a Javé pelo menino, jejuou, ficou perto dele, e passou
a noite prostrado no chão.
17. Os anciãos de sua casa tentaram erguê-lo, mas ele recusou e não quis
comer nada com eles.
18. Sete dias depois, o menino morreu. Os servos de Davi ficaram com medo
de lhe dar a notícia de que o menino tinha morrido, pois comentavam: "Quando o
menino estava vivo, nós falamos com ele, e ele não nos atendeu. Como podemos
agora dizer-lhe que o menino morreu? Ele pode cometer alguma loucura!"
19. Davi percebeu que os servos estavam cochichando entre si, e
compreendeu que o menino tinha morrido. Então perguntou: "O menino morreu?" Eles
responderam: "Morreu".
20. Então Davi se levantou do chão, lavou-se, perfumou-se e trocou de
roupa. Depois entrou no santuário de Javé e se prostrou. Em seguida voltou para
casa, mandou que servissem a refeição e comeu.
21. Os servos perguntaram: "O que você está fazendo? Enquanto o menino
estava vivo, você jejuou e chorou; agora que ele morreu, você se levanta e se
põe a comer?"
22. Davi respondeu: "Enquanto o menino vivia, eu jejuei e chorei,
pensando que talvez Javé tivesse piedade de mim e o menino ficasse curado.
23. Mas agora ele morreu. Para que vou jejuar? Será que isso vai fazê-lo
voltar? Eu é que vou para onde ele está, mas ele não voltará para mim".
24. Davi consolou sua mulher Betsabéia; entrou no aposento e dormiu com
ela. Betsabéia deu à luz um filho, e Davi lhe deu o nome de Salomão. Javé amou
Salomão,
25. e manifestou isso através do profeta Natã. Este, por ordem de Javé,
deu a Salomão o nome de Querido de Javé.
O FIM DA CONQUISTA
26. Joab atacou Rabá dos amonitas e se apoderou da cidade real.
27. Em seguida, enviou mensageiros até Davi para informá-lo: "Ataquei
Rabá e também me apoderei da cidade das águas.
28. Agora reúna o resto do povo, cerque a cidade e se apodere dela. Do
contrário, eu mesmo o farei, e ela receberá o meu nome".
29. Então Davi reuniu todo o povo, foi para Rabá, atacou-a e se apoderou
dela.
30. Tirou da cabeça do deus Melcom a coroa, que pesava cerca de trinta e
cinco quilos. Nela havia uma pedra preciosa, que foi colocada na coroa de Davi.
E Davi levou da cidade um despojo muito grande.
31. Tirou também a população da cidade e a colocou para trabalhar com
serra, picaretas e machados de ferro, e na fabricação de tijolos. E fez a mesma
coisa com todas as outras cidades amonitas. Depois Davi e todo o povo voltaram
para Jerusalém.
[II Samuel 13]II Samuel 13
A AMBIÇÃO GERA A MORTE
1. Depois disso, aconteceu o seguinte: Absalão, filho de Davi, tinha uma
irmã bonita chamada Tamar. Amnon, filho de Davi, ficou apaixonado por ela.
2. Amnon chegou a ponto de ficar doente por causa de sua irmã Tamar, pois
ela era virgem e ele viu que era impossível fazer alguma coisa com ela.
3. Amnon tinha um amigo muito esperto chamado Jonadab, filho de Sama,
irmão de Davi.
4. Ele disse a Amnon: "Filho do rei, por que você, a cada manhã, está
assim deprimido? Por que você não me diz o que está acontecendo?" Amnon
respondeu: "É porque estou apaixonado por Tamar, a irmã do meu irmão Absalão".
5. Jonadab sugeriu: "Fique na cama como se estivesse doente. Quando o seu
pai vier para visitar você, diga a ele: 'Deixe que minha irmã Tamar venha me
servir a comida: ela fará a comida à minha vista, para que eu veja; e ela
própria me servirá' ".
6. Então Amnon foi deitar-se, fingindo que estava doente. O rei foi
vê-lo, e Amnon lhe disse: "Deixe que minha irmã Tamar venha preparar, na minha
frente, dois pastéis, e que ela mesma me sirva".
7. Então Davi mandou buscar Tamar na casa dela, dizendo: "Venha à casa de
seu irmão Amnon para lhe preparar a comida".
8. Tamar foi e encontrou o irmão deitado. Ela pegou farinha, amassou,
preparou os pastéis na frente dele, e os levou para cozinhar.
9. Em seguida, pegou a panela, despejou no prato dele, mas ele não quis
comer. Amnon disse: "Mande sair daqui toda essa gente!" E todos saíram.
10. Então Amnon disse a Tamar: "Traga você mesma a comida aqui no quarto,
para eu comer". Tamar pegou os pastéis que tinha feito e levou para seu irmão,
no quarto.
11. Quando ela apresentou a comida, ele agarrou-a e disse: "Durma comigo,
minha irmã".
12. Ela retrucou: "Não, meu irmão. Não me violente, pois isso não é coisa
que se faz em Israel. Não cometa essa infâmia.
13. Aonde eu iria esconder a minha vergonha? E você seria um infame em
Israel! Fale com o rei, e ele não recusará que eu me case com você".
14. Amnon, porém, não deu atenção ao que ela falava: dominou-a com
violência e teve relações com ela.
15. Depois Amnon ficou furioso. A aversão que teve para com Tamar foi
maior do que a paixão com que a tinha amado. Ele disse: "Levante-se e vá
embora".
16. Ela respondeu: "Não. Você me mandar embora será um mal bem pior do
que o outro que você já fez comigo". Ele, porém, não quis ouvi-la.
17. Chamou o criado que o servia e disse: "Leve essa moça embora daqui e
tranque a porta".
18. Tamar vestia uma túnica de mangas longas, porque era assim que se
vestiam as filhas solteiras do rei. O criado fez com que ela saísse, e trancou a
porta.
19. Tamar colocou terra na cabeça, rasgou a túnica de mangas longas,
colocou as mãos na cabeça e saiu gritando.
20. Seu irmão Absalão disse para ela: "Seu irmão Amnon esteve com você?
Agora, não diga nada: ele é seu irmão. Esqueça o que aconteceu". E Tamar,
desolada, foi morar na casa de seu irmão Absalão.
21. O rei Davi soube do que tinha acontecido e ficou muito irritado, mas
não quis castigar seu filho Amnon, porque era o primogênito e ele o amava muito.
22. Por causa da violência que Amnon cometeu com sua irmã Tamar, Absalão
rompeu com ele e passou a odiá-lo.
23. Dois anos depois, Absalão estava fazendo a tosquia das ovelhas em
Baal-Hasor, perto de Efraim. Então ele convidou todos os filhos do rei.
24. Ele foi até o rei e disse: "O seu servo está fazendo a tosquia. Que o
rei e seus ministros se dignem aceitar o convite".
25. O rei respondeu: "Não, meu filho. Se nós todos formos lá, será muito
pesado para você". Absalão insistiu, mas o rei não quis ir e o abençoou.
26. Absalão então disse: "Ao menos deixe que vá o meu irmão Amnon". O rei
perguntou: "Por que ele iria com você?"
27. Mas Absalão insistiu, e o rei deixou que fossem com ele Amnon e todos
os filhos do rei.
28. Absalão ordenou a seus servos: "Fiquem de olho. Quando Amnon estiver
alegre por causa do vinho, e eu lhes disser para feri-lo, vocês o matem. Não
tenham medo, porque sou eu que estou mandando. Tenham coragem e sejam valentes!"
29. Os servos de Absalão fizeram conforme ele havia mandado. Então todos
os filhos do rei se levantaram, cada um montou no seu asno, e fugiram.
30. Eles ainda estavam a caminho, quando chegou até o rei este boato:
"Absalão matou todos os filhos do rei e não sobrou nenhum deles!"
31. O rei levantou-se, rasgou suas roupas e se prostrou por terra; e
todos os ministros aí presentes também rasgaram suas roupas.
32. Jonadab, filho de Sama, irmão de Davi, interveio: "Não pense o meu
senhor que morreram todos os moços, todos os filhos do rei, porque de fato só
Amnon morreu. Absalão tinha prometido fazer isso desde o dia que Amnon violentou
Tamar, a irmã dele.
33. Portanto, que o rei não fique preocupado, pensando que todos os
filhos do rei morreram. Foi só Amnon que morreu,
34. e Absalão fugiu". O jovem que estava de guarda levantou os olhos e
viu uma tropa numerosa, que avançava pelo caminho de Baurim. O jovem foi contar
ao rei: "Vi gente no caminho de Baurim, na ladeira da montanha".
35. Então Jonadab disse ao rei: "São os filhos do rei que estão chegando!
Foi mesmo como o seu servo contou".
36. Logo que terminou de falar, chegaram os filhos do rei e começaram a
gritar e a chorar. Também o rei e todos os seus ministros começaram a chorar
inconsolavelmente.
37.
a. Absalão se escondeu no território de Tolmai, filho de Amiud, rei de
Gessur,
38. e aí ficou durante três anos.
37b. O rei ficou de luto por seu filho durante todo esse tempo.
39. Depois disso, o rei se consolou da morte de Amnon e parou de
perseguir Absalão.
[II Samuel 14]II Samuel 14
RECONCILIAÇÃO PRECÁRIA
1. Joab, filho de Sárvia, percebeu que o rei estava contra Absalão.
2. Então Joab mandou buscar em Técua uma mulher esperta, e lhe disse:
"Faça o seguinte: finja que está de luto, coloque roupa de luto e não se
perfume, como se fosse uma mulher que há muito tempo está de luto por um morto.
3. Vá à casa do rei e diga o seguinte...". E Joab falou tudo o que ela
devia dizer.
4. A mulher de Técua apresentou-se ao rei, caiu com o rosto por terra, e
disse: "Salve-me, rei!"
5. O rei perguntou: "O que você tem?" A mulher respondeu: "Ai de mim! Sou
viúva. Meu marido morreu,
6. e me deixou com dois filhos. Eles brigaram no campo, e não havia
ninguém para os apartar. Um feriu o outro e o matou.
7. Então todo o clã se colocou contra mim e disse: 'Entregue-nos o
fratricida, para que o matemos, como preço da vida do irmão que ele matou. E
assim acabaremos com o herdeiro'. Desse modo eles vão apagar a brasa que me
resta e não deixarão que meu marido tenha nem nome nem descendência sobre a
terra".
8. O rei disse à mulher: "Vá para casa, que eu me encarrego do seu
problema".
9. A mulher de Técua disse ao rei: "Senhor meu rei, que a
responsabilidade caia sobre mim e minha família. O rei e seu trono estão
inocentes".
10. O rei respondeu: "Se alguém ameaçar você, traga-o até mim, e ele
nunca mais a molestará".
11. A mulher disse: "Ó rei, lembre-se de Javé seu Deus, a fim de que o
vingador do sangue não aumente a desgraça, acabando com meu filho". Então o rei
disse: "Pela vida de Javé! Nem mesmo um fio de cabelo da cabeça de seu filho
cairá no chão".
12. A mulher acrescentou: "Posso dizer mais uma coisa ao senhor meu rei?"
O rei respondeu: "Fale".
13. Então a mulher disse: "Por que o senhor pensa assim contra o povo de
Deus? Pronunciando essa sentença, o rei se condenou a si próprio, porque o rei
não deixa voltar aquele que havia exilado.
14. Nós devemos morrer e, como a água derramada no chão não pode ser mais
recolhida, Deus também não dará a vida a um cadáver. Que o rei faça voltar o
exilado, para que ele não continue longe.
15. Se eu vim contar isso ao rei meu senhor, foi porque alguns me
amedrontaram, e sua serva pensou: 'Vou falar com o rei, e quem sabe ele atenda o
pedido de sua serva.
16. Porque o rei atenderá sua serva e a livrará das mãos daqueles que me
tentam tirar, a mim e a meu filho, a herança de Deus'.
17. Sua serva pensou: 'A palavra do senhor meu rei vai me trazer alívio,
porque o rei é como enviado de Deus, que sabe distinguir o bem e o mal'. Que
Javé seu Deus esteja com o senhor".
18. Então o rei disse à mulher: "Não me esconda nada do que vou perguntar
a você". A mulher respondeu: "Fale, senhor meu rei".
19. O rei perguntou: "A mão de Joab não está atrás de tudo isso que você
veio me contar?" A mulher respondeu: "Pela sua vida, senhor meu rei, a sua
pergunta acertou o alvo: foi o seu servo Joab quem me mandou e colocou na minha
boca todas as palavras que eu lhe disse.
20. Ele imaginou isso, para não apresentar o assunto diretamente, mas o
meu senhor tem a sabedoria de um enviado de Deus e sabe tudo o que se passa na
terra".
21. Então o rei disse a Joab: "Pois bem. Eu já dei a minha palavra. Vá e
traga de volta o jovem Absalão".
22. Joab caiu com o rosto por terra, prostrou-se, abençoou o rei, e
disse: "Hoje o seu servo sabe que o senhor está bem disposto comigo, pois
atendeu o meu pedido".
23. Depois Joab partiu, foi a Gessur e trouxe Absalão de volta para
Jerusalém.
24. O rei, porém, ordenou: "Que ele vá para casa, porque eu não quero
recebê-lo". E Absalão se retirou para sua casa e não foi recebido pelo rei.
25. Em todo o Israel não havia homem que fosse elogiado por sua beleza
como Absalão: da planta dos pés ao alto da cabeça, ele era sem defeito.
26. Ele costumava cortar o cabelo no fim de cada ano, porque pesava
muito; quando ele o cortava, o cabelo pesava mais de dois quilos, conforme o
peso padrão do rei.
27. Absalão tinha três filhos, e uma filha chamada Tamar. Era uma linda
mulher.
28. Absalão ficou dois anos em Jerusalém sem ser recebido pelo rei.
29. Então Absalão mandou chamar Joab, para que servisse de intermediário
entre ele e o rei. Mas Joab não aceitou. Chamou-o, pela segunda vez, e Joab
recusou de novo.
30. Absalão disse então a seus servos: "Vejam: o campo de Joab é vizinho
do meu e tem uma plantação de cevada. Ponham fogo na plantação". Os servos de
Absalão foram e incendiaram a plantação.
31. Joab procurou Absalão na sua casa, e lhe perguntou: "Por que seus
servos puseram fogo no meu campo?"
32. Absalão respondeu: "Mandei chamar você para servir de intermediário e
levar ao rei esta mensagem: 'Para que voltei de Gessur? Lá eu estava melhor'.
Agora quero ser recebido pelo rei. Se sou culpado, que ele me condene à morte".
33. Joab se apresentou ao rei e lhe relatou a mensagem. Então o rei
chamou Absalão. Este se apresentou e se prostrou com o rosto por terra. E o rei
beijou Absalão.
[II Samuel 15]II Samuel 15
ABSALÃO PREPARA UM GOLPE DE ESTADO
1. Depois disso, Absalão providenciou para si um carro e cavalos, e
também uma guarda pessoal composta de cinqüenta homens.
2. Absalão se levantava bem cedo e ficava junto ao caminho na porta da
cidade. Para toda pessoa que tinha um processo e ia para ser julgada pelo rei,
Absalão perguntava: "De que cidade você é?" Ela respondia: "Seu servo pertence a
uma das tribos de Israel".
3. Então Absalão lhe dizia: "Veja. A sua causa é boa e simples, mas não
há ninguém, da parte do rei, que queira ouvi-la".
4. E continuava: "Se eu fosse constituído juiz em Israel, eu julgaria com
justiça toda pessoa que tivesse algum processo!"
5. E quando alguém se aproximava para prostrar-se diante dele, Absalão
estendia a mão, o erguia e o beijava.
6. Ele fazia a mesma coisa com todos os israelitas que iam para ser
julgados pelo rei. Desse modo, Absalão cativava os israelitas.
7. Passados quatro anos, Absalão disse ao rei: "Deixe-me ir a Hebron
cumprir uma promessa que fiz a Javé,
8. pois quando eu estava em Gessur de Aram fiz uma promessa: 'Se Javé me
fizer voltar para Jerusalém, oferecerei sacrifícios a Javé em Hebron' ".
9. O rei respondeu: "Vá em paz". E Absalão partiu para Hebron.
10. Então Absalão mandou emissários para todas as tribos de Israel, com
este recado: "Quando ouvirem o som da trombeta, vocês poderão dizer: Absalão se
tornou rei em Hebron".
11. E Absalão convidou para o acompanhar duzentos homens de Jerusalém,
que foram inocentemente, sem saber de nada.
12. Enquanto fazia os sacrifícios, Absalão mandou buscar, na cidade de
Gilo, o gilonita, Aquitofel, que era conselheiro de Davi. A conspiração se
fortalecia e o partido de Absalão aumentava.
TRAIÇÃO E FIDELIDADE
13. Alguém informou a Davi: "Os israelitas aderiram a Absalão!"
14. Então Davi disse a todos os ministros que estavam com ele em
Jerusalém: "Vamos fugir. Caso contrário, não escaparemos de Absalão. Vamos
partir depressa, para que ele não chegue antes e nos ataque, nos destrua e passe
a cidade ao fio de espada.
15. Os ministros do rei responderam: "Qualquer que seja a decisão do
senhor nosso rei, ficaremos às suas ordens".
16. O rei deixou dez concubinas para guardar o palácio, e partiu a pé com
toda a sua família.
17. O rei saiu a pé com todo o povo, e pararam na última casa.
18. Todos os seus ministros se colocaram a seu lado, e os cereteus, os
feleteus, Etai, e os gateus que tinham vindo de Gat, cerca de seiscentos homens,
foram passando diante do rei.
19. E o rei disse a Etai, o gateu: "Por que você veio conosco? Volte e
fique com o rei, porque você é um estrangeiro que vive longe do seu país.
20. Você chegou ontem! Como posso permitir que saia hoje conosco, como
errante, quando eu próprio estou andando sem rumo? Volte e leve seus irmãos com
você. Que Javé seja misericordioso e fiel para com você".
21. Etai, porém, respondeu: "Pela vida de Javé e pela vida do senhor meu
rei, onde estiver o senhor meu rei, aí também estarei eu, tanto para a vida como
para a morte".
22. Então Davi disse a Etai: "Vamos em frente". E Etai de Gat passou com
todos os seus homens e toda a multidão que estava com ele.
23. Todos choravam e gritavam. O rei parou na margem do riacho do Cedron,
e todo o povo desfilou diante dele, em direção ao deserto.
24. Aí estavam também Sadoc e todos os levitas, que transportavam a arca
de Deus. Eles puseram a arca de Deus diante de Abiatar, até que o povo todo
acabou de sair da cidade.
25. Então o rei disse a Sadoc: "Volte com a arca de Deus para a cidade.
Se Javé for bondoso para comigo, ele me deixará voltar, para rever a arca e sua
habitação.
26. Mas se ele me disser que não gosta de mim, aqui estou. Que ele faça
de mim o que quiser".
27. E continuou: "Volte em paz para a cidade com seu filho Aquimaás, e
Abiatar com seu filho Jônatas.
28. Vejam: eu vou ficar andando pelos caminhos do deserto, esperando que
vocês me mandem notícias".
29. Sadoc e Abiatar voltaram com a arca de Deus para Jerusalém e aí
permaneceram.
30. Davi subiu a encosta das Oliveiras, chorando, com a cabeça coberta e
os pés descalços. Todo o povo que o acompanhava ia de cabeça coberta e chorando.
31. E disseram a Davi: "Aquitofel se uniu à conspiração de Absalão".
Davi, então, rezou: "Javé, faze com que o plano de Aquitofel fracasse".
32. Quando Davi chegou ao ponto mais alto, onde se adora a Deus, foi ao
seu encontro o seu amigo Cusai, o araquita; chegou com as roupas rasgadas e a
cabeça coberta de pó.
33. Davi lhe disse: "Ficando comigo, você será um peso para mim.
34. Mas você pode fazer com que o plano de Aquitofel fracasse, se voltar
para a cidade e disser a Absalão: 'Senhor meu rei, eu sou seu servo: antes fui
servo do seu pai, mas agora sou seu servo'.
35. Lá você terá do seu lado os sacerdotes Sadoc e Abiatar. Tudo o que
você ouvir, no palácio, conte a eles.
36. Aí estarão também os dois filhos deles: Aquimaás, filho de Sadoc, e
Jônatas, filho de Abiatar. Por meio deles, vocês me comunicarão tudo o que
observarem".
37. Cusai, amigo de Davi, foi para a cidade, e Absalão entrou em
Jerusalém.
[II Samuel 16]II Samuel 16
1. Davi tinha passado um pouco além do alto do monte, quando Siba, servo
de Meribaal, foi ao seu encontro com dois jumentos selados, carregados com
duzentos pães, cem cachos de uvas passas, cem frutos da estação e um barril de
vinho.
2. O rei perguntou a Siba: "O que você vai fazer com isso?" Siba
respondeu: "Os jumentos servirão de montaria para a família real; os pães e as
frutas para os rapazes comerem, e o vinho para os que desmaiarem no deserto".
3. O rei perguntou: "Onde está o filho do seu senhor?" Siba respondeu:
"Ele ficou em Jerusalém, porque espera que a casa de Israel devolva agora o
reino de seu pai".
4. Então o rei disse a Siba: "Tudo o que Meribaal possui pertence também
a você". Siba disse: "Eu me prostro diante do senhor. Seja bondoso para comigo,
senhor meu rei".
5. Quando o rei Davi chegou a Baurim, saiu daí um homem do clã de Saul,
chamado Semei, filho de Gera, gritando maldições.
6. Começou a jogar pedras em Davi e nos ministros do rei, enquanto o povo
e os soldados iam à direita e à esquerda do rei.
7. E Semei amaldiçoava a Davi: "Caia fora, caia fora, assassino, canalha!
8. Javé está fazendo você pagar o sangue da família de Saul, de quem você
usurpou o trono! Javé entregou o reino a seu filho Absalão, enquanto você está
caindo na desgraça, porque você é um assassino".
9. Abisaí, filho de Sárvia, disse ao rei: "Por que esse cão morto tem que
ficar amaldiçoando o senhor meu rei? Vou lá e corto a cabeça dele".
10. Mas o rei disse: "Não se intrometam na minha vida, filhos de Sárvia!
Deixem que ele me amaldiçoe. Se foi Javé quem o mandou para amaldiçoar a Davi,
quem poderá pedir-lhe contas?"
11. E Davi disse a Abisaí e a todos os seus ministros: "Vejam: o meu
filho, que saiu das minhas entranhas, está querendo me matar! Com muito mais
razão esse benjaminita. Deixem que ele me amaldiçoe, pois foi Javé quem o
mandou.
12. Talvez Javé considere a minha humilhação e me pague com bênçãos essas
maldições de hoje".
13. Davi e seus homens continuaram a caminhada. Semei caminhava ao lado,
na encosta da montanha, e ia gritando maldições, jogando pedras e levantando
poeira.
14. O rei e todo o povo que o acompanhava chegaram cansados ao Jordão e
aí descansaram.
USURPAÇÃO DO PODER
15. Absalão e os israelitas entraram em Jerusalém, e Aquitofel o
acompanhava.
16. Cusai, o araquita, amigo de Davi, se apresentou a Absalão e disse:
"Viva o rei! Viva o rei!"
17. Absalão replicou: "É essa a sua lealdade para com seu amigo? Por que
você não foi com ele?"
18. Cusai respondeu: "De jeito nenhum! Quero ficar com aquele que foi
escolhido por Javé, por este povo e pelos israelitas. Com ele viverei.
19. Além disso, a quem devo servir? Por acaso você não é filho de Davi?
Vou servir a você, como servi a seu pai".
20. Então Absalão perguntou a Aquitofel: "O que vocês me aconselham
fazer?"
21. Aquitofel respondeu a Absalão: "Tome as concubinas de seu pai, que
ele deixou aqui para guardar o palácio. Desse modo, todo o Israel ficará sabendo
que você rompeu com o seu pai. Então seus partidários ficarão mais confiantes".
22. Armaram então uma tenda no terraço do palácio, e Absalão tomou as
concubinas de seu pai aos olhos de todo o Israel.
23. Nesse tempo, o conselho que Aquitofel dava era recebido como oráculo
de Deus. O conselho de Aquitofel era assim considerado, tanto por Davi como por
Absalão.
[II Samuel 17]II Samuel 17
ESTRATÉGIA DE DAVI
1. Aquitofel disse a Absalão: "Deixe-me escolher doze mil homens, que eu
irei esta noite mesmo perseguir Davi.
2. Eu chegarei lá quando ele estiver cansado e vulnerável. Então eu o
aterrorizarei, e todo o povo que está com ele fugirá. Vou matar o rei quando ele
estiver sozinho.
3. Assim farei retornar para você todo o povo, pois o homem que você
procura significa o retorno de todos; e todo o povo ficará em paz".
4. Tanto Absalão como os anciãos de Israel acharam que a proposta era
boa.
5. Absalão, porém, disse: "Chamem Cusai, o araquita, para ouvirmos também
o que ele pensa".
6. Cusai foi e Absalão lhe disse: "Nós devemos agir conforme Aquitofel
nos propôs? Se não, qual é a sua proposta?"
7. Cusai respondeu a Absalão: "Desta vez, Aquitofel não deu um conselho
bom".
8. E continuou: "Você sabe que seu pai e os homens que estão com ele são
valentes e estão enfurecidos como ursa que perdeu o filhote no campo. Seu pai é
um guerreiro, e não passará a noite junto com o povo.
9. Agora mesmo ele deve estar escondido em alguma gruta ou em qualquer
outro lugar. No começo, podem morrer alguns dos nossos. Então alguém vai saber e
espalhar que houve baixas na tropa que segue Absalão.
10. E aí, até mesmo alguém corajoso, que tenha coração de leão, perderá a
coragem, pois todo o Israel sabe que seu pai é homem valente, e aqueles que o
acompanham são corajosos.
11. Por isso, eu aconselho o seguinte: Que se reúna todo o Israel junto a
você, desde Dã até Bersabéia, e será tão numeroso como a areia da praia, e você
mesmo marchará no meio deles.
12. Iremos para o lugar onde ele estiver, e cairemos sobre ele como
orvalho sobre a terra, e não o deixaremos escapar, nem ele, nem mesmo um só dos
homens que o acompanham.
13. Se ele se esconder em alguma cidade, todo o Israel levará cordas para
essa cidade, a fim de arrastá-la até o riacho, de tal modo que não se possa
encontrar aí uma única pedra".
14. Absalão e todos os homens de Israel concordaram: "O conselho de
Cusai, o araquita, é melhor do que o conselho de Aquitofel". É que Javé tinha
decretado malograr o conselho bom de Aquitofel, para fazer que a desgraça caísse
sobre Absalão.
15. Em seguida, Cusai foi avisar os sacerdotes Sadoc e Abiatar:
"Aquitofel deu tal conselho a Absalão e aos anciãos de Israel. Eu, porém, dei
este outro conselho.
16. Agora, portanto, mandem depressa avisar Davi que não fique esta noite
nas estepes do deserto, mas que atravesse para o outro lado; senão, o rei e todo
o povo que o segue serão destruídos".
17. Jônatas e Aquimaás estavam de prontidão perto da fonte do Pisoeiro.
Uma serva foi transmitir-lhes o recado, para que eles avisassem o rei Davi, pois
eles não poderiam ser vistos entrando na cidade.
18. Um rapaz, porém, os viu e foi informar Absalão. Então os dois
partiram depressa e chegaram a Baurim, na casa de um homem. Aí havia um poço no
pátio e eles se esconderam dentro.
19. A mulher pegou a tampa e a colocou na boca do poço, espalhando grãos
em cima, de modo que não se notava nada.
20. Alguns servos de Absalão foram, entraram na casa e interrogaram a
mulher: "Onde estão Aquimaás e Jônatas?" Ela respondeu: "Eles passaram por aqui
na direção do rio". Os servos procuraram e, não encontrando nada, voltaram para
Jerusalém.
21. Quando eles partiram, Aquimaás e Jônatas saíram do poço e foram
avisar o rei Davi: "Levantem-se e atravessem depressa o rio, porque foi isso que
Aquitofel disse a respeito de vocês".
22. Davi e o pessoal que o acompanhava puseram-se então a caminho e
atravessaram o Jordão. Ao nascer do sol, não havia ninguém que já não estivesse
do outro lado do Jordão.
23. Quando Aquitofel notou que o seu conselho não fora seguido, selou o
jumento, montou e foi para sua casa na cidade. Colocou a casa em ordem e depois
se enforcou e morreu. Foi enterrado no túmulo de seu pai.
UM REI HUMANO
24. Davi tinha chegado a Maanaim, quando Absalão atravessou o Jordão com
todos os homens de Israel.
25. Absalão tinha colocado Amasa na chefia do exército, substituindo
Joab. Amasa era filho de Jetra, um ismaelita que se tinha unido a Abigail, filha
de Jessé e irmã de Sárvia, a mãe de Joab.
26. Israel e Absalão acamparam no território de Galaad.
27. Logo que Davi chegou a Maanaim, Sobi, filho de Naás de Rabá dos
amonitas, Maquir, filho de Amiel de Lo-Dabar, e Berzelai, o galaadita de
Rogelim,
28. levaram colchões, tapetes, copos e vasilhas de barro. Havia trigo,
cevada, farinha, grão torrado, favas, lentilhas,
29. mel, coalhada, queijos de leite de vaca e de ovelha, e ofereceram a
Davi e ao pessoal que o acompanhava, para que se alimentassem. Pois diziam: "O
pessoal está cansado, com fome e sede no deserto".
[II Samuel 18]II Samuel 18
1. Davi revistou suas tropas e nomeou comandantes e oficiais.
2. Depois dividiu o exército em três alas. Deixou um terço sob o comando
de Joab; um terço sob o comando de Abisaí, filho de Sárvia e irmão de Joab; e um
terço sob o comando de Etai de Gat. Depois, Davi disse às tropas: "Eu também
irei com vocês para lutar".
3. Mas os soldados disseram: "Você não deve ir, porque, se nós tivermos
de fugir, ninguém dará importância; se a metade de nós morrer, também ninguém
dará importância; mas você vale por dez mil de nós. É melhor que você nos ajude
daqui da cidade".
4. Davi respondeu: "Farei o que vocês acharem melhor". E o rei ficou ao
lado da porta da cidade, enquanto o exército saía em unidades de cem e de mil.
5. O rei ordenou a Joab, Abisaí e Etai: "Por favor, tratem bem o jovem
Absalão". Todo o exército ouviu a ordem que o rei tinha dado aos chefes a
respeito de Absalão.
6. O exército de Davi saiu em campo aberto para guerrear contra Israel. A
batalha teve lugar na floresta de Efraim.
7. O exército de Israel foi derrotado pelo exército de Davi, e a derrota
foi grande, pois morreram vinte mil.
8. A luta se espalhou por toda a região e, nesse dia, a floresta devorou
mais vítimas do que a espada.
9. Ora, aconteceu que Absalão se encontrou por acaso com um destacamento
de Davi. Absalão estava montado num jumento, que se meteu debaixo dos galhos de
um grande carvalho. A cabeça de Absalão se prendeu nos galhos do carvalho, e ele
ficou suspenso entre o céu e a terra, enquanto o animal foi embora.
10. Alguém o viu e avisou Joab: "Acabo de ver Absalão suspenso num
carvalho".
11. Joab respondeu: "Você viu Absalão? Por que não o matou ali mesmo?
Agora eu daria a você dez moedas de prata e um cinturão".
12. O homem, porém, respondeu: "Mesmo que você pusesse mil moedas de
prata na minha mão, eu não levantaria a mão contra o filho do rei. Estávamos
presentes quando o rei mandou que você, Abisaí e Etai tratassem bem Absalão, o
filho dele.
13. Se eu cometesse tal infâmia, o rei ficaria sabendo, e você mesmo
ficaria contra mim".
14. Então Joab disse: "Não vou ficar perdendo tempo com você". Pegou três
dardos e os atirou no coração de Absalão, que ainda estava entre os galhos do
carvalho.
15. Logo depois, chegaram dez jovens, escudeiros de Joab, que cercaram
Absalão e o golpearam até matar.
16. Joab mandou tocar a trombeta para deter a tropa, e o exército parou
de atacar Israel.
17. Pegaram o corpo de Absalão e o jogaram dentro de um grande buraco, no
meio da floresta, e atiraram em cima um monte de pedras. E todo o Israel
debandou, cada qual para a sua tenda.
18. Enquanto estava vivo, Absalão tinha erguido uma estela, que está no
Vale do Rei, porque pensava: "Não tenho filho que conserve a memória do meu
nome". Por isso, deu o seu nome ao monumento, que ainda hoje é conhecido por
Monumento de Absalão.
19. Aquimaás, filho de Sadoc, disse: "Vou correndo dar ao rei a boa
notícia de que Javé lhe fez justiça e o livrou de seus inimigos".
20. Joab porém replicou: "Hoje você não será portador de uma boa notícia.
Deixe para outro dia, porque hoje morreu o filho do rei".
21. E Joab ordenou a um etíope: "Vá comunicar ao rei tudo o que você
viu". O etíope se prostrou diante de Joab, e partiu correndo.
22. Aquimaás, filho de Sadoc, insistiu com Joab: "Aconteça o que
acontecer, também vou correndo atrás do etíope". Joab respondeu: "Para que
correr, meu filho? Você não vai ganhar nada com essa notícia!"
23. Aquimaás replicou: "Seja como for, eu vou correndo". Então Joab lhe
disse: "Pode ir". Aquimaás partiu correndo e, cortando o caminho pela planície,
passou na frente do etíope.
24. Davi estava sentado entre as duas portas da cidade. A sentinela subiu
no terraço, em cima da porta, na muralha. Correu a vista e notou que um homem
vinha correndo sozinho.
25. A sentinela gritou e avisou o rei. E o rei comentou: "Se ele vem
sozinho, é porque traz boas notícias". Quando já estava se aproximando,
26. a sentinela avistou outro homem que vinha correndo, e gritou de cima
da porta: "Vem vindo outro homem correndo sozinho". Davi comentou: "Esse também
traz boas notícias".
27. A sentinela acrescentou: "Estou reconhecendo o modo de correr do
primeiro: ele corre como Aquimaás, o filho de Sadoc". O rei comentou: "É um
homem bom. Certamente ele vem com boas notícias".
28. Aquimaás aproximou-se do rei e o saudou: "Paz". Depois se prostrou
com o rosto por terra diante do rei, e disse: "Bendito seja o seu Deus Javé, que
lhe entregou os homens que se revoltaram contra o senhor meu rei".
29. O rei perguntou: "Está tudo bem com o jovem Absalão?" Aquimaás
respondeu: "Vi uma confusão na hora em que Joab, servo do rei, me enviou, mas
não sei o que aconteceu".
30. O rei disse: "Fique ali e espere". Aquimaás obedeceu e ficou
esperando.
31. Nesse momento, chegou o etíope e disse: "Senhor meu rei, receba a boa
notícia: Javé hoje acaba de fazer justiça, livrando-o de todos os que se
revoltaram contra o senhor".
32. Então o rei perguntou: "Está tudo bem com o jovem Absalão?" O etíope
respondeu: "Que se acabem como ele todos os inimigos do senhor meu rei e todos
os que se revoltaram contra o senhor para lhe fazer mal".
[II Samuel 19]II Samuel 19
1. Então o rei estremeceu, subiu para a sala que fica em cima da porta, e
começou a chorar, dizendo entre soluços: "Meu filho Absalão! Meu filho Absalão!
Por que não morri eu em vez de você? Absalão, meu filho, meu filho!"
2. E avisaram a Joab: "O rei está chorando e se lamentando por causa de
Absalão".
3. Assim, a vitória desse dia se transformou em luto para todo o
exército, porque os soldados ficaram sabendo que o rei estava aflito por causa
do seu filho.
4. Nesse dia, o exército entrou na cidade às escondidas, como se fosse um
exército envergonhado por ter fugido do combate.
5. O rei estava com o rosto coberto e gritava: "Meu filho Absalão!
Absalão meu filho, meu filho!"
6. Joab entrou na casa e disse ao rei: "Hoje você está cobrindo de
vergonha o rosto de todos os seus guerreiros, que hoje salvaram a sua vida e a
vida de seus filhos e filhas, mulheres e concubinas.
7. Você ama aqueles que o odeiam, e odeia aqueles que o amam. Hoje você
está mostrando que os chefes e soldados não valem nada para você. Estou
percebendo que, se nós todos tivéssemos morrido e Absalão estivesse vivo, você
acharia tudo muito bom.
8. Vamos, saia e fale com os seus soldados. Porque eu juro por Javé: se
você não sair esta noite, você ficará sem ninguém. Para você, isso vai ser uma
desgraça muito maior do que todas as que lhe aconteceram, desde a sua mocidade
até hoje".
9. O rei se levantou e foi sentar-se à porta. E avisaram todo o exército:
"O rei está sentado à porta da cidade". Então todo o exército se reuniu ao redor
do rei.
COMO ASSEGURAR A UNIDADE? Os israelitas debandaram, e cada um foi para a
sua tenda.
10. Nas tribos de Israel, todo o povo discutia e comentava: "Foi o rei
Davi quem nos arrancou do poder de nossos inimigos e nos livrou do poder dos
filisteus. No entanto, agora ele teve que fugir do país para escapar de Absalão.
11. E Absalão, que tínhamos ungido para nos governar, morreu na guerra.
Por que não fazem nada para que o rei volte?"
12. O rei Davi soube do que se dizia em todo Israel, e então mandou dizer
aos sacerdotes Sadoc e Abiatar: "Digam aos anciãos de Judá: 'Por que seriam
vocês os últimos a providenciar o retorno do rei para seu palácio?
13. Vocês são meus parentes, de minha carne e meu sangue. Por que seriam
os últimos a providenciar o retorno do rei?'
14. Digam também a Amasa: 'Você não é de minha carne e meu sangue? Que
Deus me castigue se você não for o comandante permanente do meu exército, em
lugar de Joab' ".
15. Assim Davi conquistou o coração dos homens de Judá, como se fossem um
só homem. Então eles mandaram dizer ao rei: "Volte, juntamente com seus
ministros".
16. O rei voltou e chegou ao rio Jordão, enquanto os de Judá foram a
Guilgal para se encontrar com o rei e ajudá-lo na travessia do Jordão.
17. Semei, filho de Gera, o benjaminita de Baurim, se apressou em descer
com os homens de Judá ao encontro do rei Davi.
18. Iam com ele mil homens de Benjamim. Siba, o servo da família de Saul,
seus quinze filhos e vinte servos entraram no Jordão antes do rei,
19. prepararam tudo para que a família do rei passasse e para agradar o
rei. Quando o rei estava atravessando o Jordão, Semei, filho de Gera, se atirou
aos pés dele
20. e disse: "Que o meu senhor não me considere culpado e não se lembre
do mal que seu servo cometeu no dia em que o senhor meu rei deixou Jerusalém.
Que o rei não guarde isso no coração,
21. porque o seu servo reconhece que pecou, e hoje é o primeiro da casa
de José a descer ao encontro do senhor meu rei".
22. Abisaí, filho de Sárvia, contestou: "Há por acaso alguma desculpa
para que Semei não seja morto? Ele amaldiçoou o ungido de Javé!"
23. Mas Davi interveio: "Não se intrometam na minha vida, filhos de
Sárvia. Não me tentem. Hoje em Israel alguém poderia ser condenado à morte?
Justamente hoje que vocês me reconheceram como rei de Israel?"
24. E o rei jurou a Semei: "Você não vai morrer".
25. Meribaal, o filho de Saul, também foi ao encontro do rei. Ele não
tinha lavado os pés e as mãos, nem aparado o bigode, nem lavado sua roupa, desde
o dia em que o rei tinha partido até o dia em que retornou vitorioso.
26. Quando ele chegou a Jerusalém, o rei perguntou: "Meribaal, por que
você não foi comigo?"
27. Meribaal respondeu: "Meu servo me enganou, senhor meu rei. Porque eu
pensei: 'Vou selar minha mula, montar e partir com o rei', porque sou aleijado.
28. Mas o meu servo me caluniou diante do senhor meu rei. O senhor meu
rei, porém, é como um anjo de Deus: faça o que achar melhor.
29. Toda a família de meu pai merecia do senhor meu rei apenas a morte,
mas o senhor me recebeu entre os que comem à sua mesa. Que direito tenho de
reclamar diante do rei?"
30. Então o rei disse: "Por que você está falando sem parar? Minha
decisão é que você e Siba repartam as terras".
31. Meribaal respondeu: "Ele pode ficar com tudo, pois o senhor meu rei
voltou em paz para casa".
32. Berzelai, o galaadita, tinha descido de Rogelim e acompanhado o rei
até o Jordão, a fim de despedir-se dele.
33. Berzelai era muito velho; tinha oitenta anos. Quando o rei passou por
Maanaim, ele havia provido à manutenção do rei, porque era muito rico.
34. O rei disse a Berzelai: "Continue comigo, e eu lhe darei tudo o que
você precisar em Jerusalém".
35. Mas Berzelai respondeu: "Quantos anos ainda me restam? Para que subir
com o rei a Jerusalém?
36. Estou com oitenta anos. Será que ainda sei distinguir entre o que é
bom e o que é mau? Será que seu servo ainda sente gosto no que come e no que
bebe? Poderia ainda ouvir os cantores e cantoras? Então para que seu servo iria
ser agora de peso para o senhor meu rei?
37. Vou atravessar para acompanhar o rei um pouco mais além, mas não é
preciso que o rei me recompense por isso.
38. Deixe-me voltar e morrer na minha cidade, para ser enterrado no
túmulo de meus pais. Aqui está meu filho Camaam; ele ficará com o senhor meu
rei. Trate-o como achar melhor".
39. Então o rei disse: "Que Camaam venha comigo, e eu farei por ele o que
você quiser, e farei por você tudo o que me pedir".
40. Todo o povo atravessou o Jordão, e o rei atravessou também. Beijou
Berzelai e o abençoou. E Berzelai voltou para a sua casa.
41. O rei continuou em direção a Guilgal, e Camaam foi com ele. Todo o
povo de Judá e a metade de Israel acompanhavam o rei.
42. Os israelitas foram ao rei e lhe disseram: "Por que nossos irmãos de
Judá tomaram posse de você e fizeram com que o rei, sua família e todos os
homens de Davi atravessassem o Jordão?"
43. Então todos os homens de Judá responderam aos de Israel: "É porque o
rei é mais parente nosso! Por que vocês estão chateados? Por acaso, comemos às
custas do rei ou tiramos algum proveito dele?"
44. Os homens de Israel responderam aos de Judá: "Temos dez vezes mais
direito sobre o rei e, mesmo para Davi, somos mais importantes que vocês. Por
que vocês fazem pouco caso de nós? Não fomos os primeiros a fazer o rei voltar?"
Contudo, os homens de Judá foram mais duros.
[II Samuel 20]II Samuel 20
1. Havia aí um vagabundo chamado Seba, benjaminita, filho de Bocri. Ele
tocou a trombeta e disse: "Nós não temos parte com Davi. Não temos herança com o
filho de Jessé. Cada um para as suas tendas, Israel".
2. Todos os israelitas abandonaram Davi, e seguiram Seba, filho de Bocri.
Mas os homens de Judá, desde o Jordão até Jerusalém, permaneceram fiéis ao rei.
3. Davi foi para o seu palácio em Jerusalém. Aí chegando, pegou as dez
concubinas que tinha deixado para tomar conta do palácio, e as confinou em seu
harém. Ele as mantinha, mas nunca mais teve relações com elas: ficaram
segregadas, como viúvas de uma pessoa viva, até o dia em que morreram.
4. O rei disse a Amasa: "Convoque os homens de Judá e apresente-se aqui
dentro de três dias".
5. Amasa partiu para convocar os homens de Judá, mas demorou mais tempo
do que fora estabelecido.
6. Então Davi disse a Abisaí: "Seba, filho de Bocri, é agora mais
perigoso para nós do que Absalão. Pegue os guerreiros do seu senhor e persiga-o,
para que não alcance as cidades fortificadas e escape de nós".
7. Depois de Abisaí, partiram também Joab, os cereteus, os feleteus e
todos os homens valentes. Saíram de Jerusalém para perseguir Seba, filho de
Bocri.
8. Quando estavam perto da grande pedra, que se encontra em Gabaon, Amasa
apareceu. Joab levava sobre o uniforme um cinto com a espada embainhada; a
espada saiu da bainha e caiu.
9. Joab cumprimentou Amasa: "A paz esteja com você, meu irmão". E com a
mão direita, segurou a barba de Amasa para o beijar.
10. Amasa não percebeu que Joab estava com a espada na mão. Ele cravou a
espada na barriga de Amasa, de modo que suas entranhas se derramaram pelo chão.
Amasa morreu. Nem foi preciso dar um segundo golpe. Joab e seu irmão Abisaí
partiram em seguida, perseguindo Seba, filho de Bocri.
11. Um dos rapazes de Joab parou perto de Amasa e disse: "Quem é amigo de
Joab e está do lado de Davi, siga a Joab".
12. Amasa estava caído no meio do caminho, numa poça de sangue. Vendo que
todos paravam aí, o rapaz tirou Amasa do caminho, o colocou no campo, e cobriu o
corpo dele com um manto, porque observou que todos os que passavam perto dele
paravam.
13. Quando o cadáver de Amasa foi tirado do caminho, todos passavam sem
parar, seguindo Joab, que perseguia Seba, filho de Bocri.
14. Seba atravessou todas as tribos de Israel, até chegar a
Abel-Bet-Maaca. E todo o clã de Bocri o acompanhou.
15. Os outros foram e o cercaram em Abel-Bet-Maaca, e levantaram junto à
cidade um aterro que chegava até a muralha. E todo o exército que estava com
Joab procurava derrubar a muralha, escavando-a.
16. Uma mulher esperta gritou da cidade: "Escutem, escutem! Digam a Joab
que se aproxime, que eu quero falar com ele".
17. Quando Joab se aproximou, a mulher perguntou: "Você é Joab?" Ele
respondeu: "Sou". Então ela disse: "Ouça a palavra de sua serva". Joab
respondeu: "Estou ouvindo".
18. A mulher então disse: "Antigamente costumavam dizer: 'Perguntem lá em
Abel, e o assunto fica resolvido'.
19. Eu sou aquilo que há de mais pacífico e seguro em Israel. Você quer
destruir uma grande cidade de Israel. Por que você quer acabar com a herança de
Javé?"
20. Joab respondeu: "De jeito nenhum. Longe de mim destruir ou arruinar.
21. Não se trata disso. É que um homem da região montanhosa de Efraim,
chamado Seba, filho de Bocri, se revoltou contra o rei Davi. Entreguem esse
homem, e eu deixarei a cidade". A mulher disse a Joab: "Pois bem. Vamos jogar a
cabeça dele por cima da muralha".
22. Com sua habilidade, a mulher falou com o povo, e degolaram Seba,
filho de Bocri, e jogaram a cabeça dele para Joab. Então Joab soou a trombeta e,
deixando o cerco, cada um foi para a sua tenda. Joab, porém, voltou para
Jerusalém, para junto do rei.
O GOVERNO DEPOIS DA CRISE
23. Joab era o comandante de todo o exército de Israel. Banaías, filho de
Joiada, comandava os cereteus e os feleteus.
24. Adoniram era o encarregado dos trabalhos forçados. Josafá, filho de
Ailud, era o porta-voz.
25. Siva era o secretário. Sadoc e Abiatar eram os sacerdotes.
26. Além desses, Ira, o jairita, também era sacerdote de Davi.
[II Samuel 21]V. APÊNDICES
II Samuel 21
JUSTIÇA OU VINGANÇA?
1. No tempo de Davi, houve fome durante três anos seguidos, e Davi
consultou a Javé. E Javé respondeu: "Saul e sua família ainda estão manchados de
sangue por terem matado os gabaonitas".
2. O rei convocou os gabaonitas e lhes contou isso. Esses gabaonitas não
pertenciam propriamente a Israel: eram apenas um resto dos amorreus, com quem os
israelitas haviam feito um pacto. Saul, em seu zelo por Israel e por Judá, tinha
procurado exterminá-los.
3. Davi disse aos gabaonitas: "Que posso fazer por vocês e como posso
indenizá-los, para que vocês abençoem a herança de Javé?"
4. Os gabaonitas responderam: "De Saul e de sua família não queremos nem
prata nem ouro. Também não queremos que ninguém morra em Israel". Davi disse a
eles: "Farei o que vocês me pedirem".
5. Então eles disseram: "Aquele homem nos quis exterminar e pretendeu nos
destruir e expulsar do território de Israel.
6. Entreguem a nós sete de seus filhos, e nós quebraremos seus ossos
diante de Javé, em Gabaon, na montanha de Javé". Davi respondeu: "Eu os
entregarei a vocês".
7. O rei poupou a vida de Meribaal, filho de Jônatas, filho de Saul, por
causa do pacto sagrado que unia Davi e Jônatas, filho de Saul.
8. O rei pegou Armoni e Meribaal, os dois filhos que Resfa, filha de
Aías, tinha dado a Saul; pegou também os cinco filhos que Merob, filha de Saul,
tinha dado a Adriel, filho de Berzelai de Meola,
9. e os entregou aos gabaonitas. Estes quebraram os ossos deles na
montanha, na presença de Javé. Os sete morreram juntos: foram executados durante
a colheita, ao começar a colheita da cevada.
10. Resfa, filha de Aías, pegou um pano de saco e o estendeu sobre a
rocha; e, desde que começou a colheita da cevada até o dia em que a chuva caiu
sobre eles, ela ficou aí, dia e noite, espantando as aves e as feras.
11. E contaram a Davi o que Resfa, filha de Aías, concubina de Saul,
tinha feito.
12. Então Davi foi pedir os ossos de Saul e de seu filho Jônatas aos
cidadãos de Jabes de Galaad, que os tinham levado da praça de Betsã, onde os
filisteus os haviam enforcado, quando venceram Saul em Gelboé.
13. Davi tirou daí os ossos de Saul e de seu filho Jônatas, e os juntou
aos ossos daqueles que tinham sido executados.
14. Então pegaram os ossos de Saul, do seu filho Jônatas e dos que tinham
sido executados, e os sepultaram na terra de Benjamim, em Sela, no túmulo de
Cis, pai de Saul. Fizeram tudo o que o rei tinha ordenado, e por isso Deus se
compadeceu do país.
LUTAS HERÓICAS
15. Houve ainda uma guerra entre os filisteus e Israel. Davi desceu com
seus soldados, travou combate contra os filisteus, e Davi ficou exausto.
16. Havia um grande guerreiro, um dos descendentes de Rafa, que usava uma
lança de bronze de três quilos e uma espada nova, dizendo que ia matar Davi.
17. No entanto, Abisaí, filho de Sárvia, socorreu Davi, atingiu o
filisteu e o matou. Então os homens de Davi lhe suplicaram: "Nunca mais saia
conosco para a guerra, para que não se apague a lâmpada de Israel".
18. Depois, a guerra contra os filisteus recomeçou em Gob. Foi aí que
Sobocai de Husa matou Saf, descendente de Rafa.
19. Ainda em Gob, em outra guerra contra os filisteus, Elcanã, filho de
Jair de Belém, matou Golias de Gat, que usava uma lança comprida como cilindro
de tear.
20. Houve depois outra batalha em Gat. Aí havia um homem altíssimo, com
seis dedos em cada mão e em cada pé; vinte e quatro dedos no total. Ele também
era descendente de Rafa.
21. Ele desafiou Israel, mas Jônatas, filho de Sama, irmão de Davi, o
matou.
22. Os quatro eram descendentes de Rafa, em Gat, e morreram pelas mãos de
Davi e seus soldados.
[II Samuel 22]II Samuel 22
O REI JUSTO LIBERTA O POVO DOS INIMIGOS
1. Davi dedicou a Javé este cântico, quando Javé o libertou de todos os
seus inimigos e da mão de Saul.
2. Ele disse: Javé é minha rocha e minha fortaleza, o meu libertador.
3. Ele é o meu Deus. Nele, meu rochedo, eu me abrigo, meu escudo e minha
força salvadora, minha torre forte, meu refúgio, meu salvador que me salva da
violência.
4. Seja louvado! Eu invoquei a Javé, e fui salvo dos meus inimigos.
5. As ondas da Morte me envolviam, as torrentes de Belial me aterravam,
6. os laços do Xeol me cercavam, as ciladas da Morte me atingiam.
7. Na minha angústia invoquei a Javé, ao meu Deus lancei o meu grito. Do
seu Templo ele ouviu minha voz, e meu grito chegou aos seus ouvidos.
8. A terra balançou e tremeu, as bases do céu se abalaram, por causa do
seu furor estremeceram.
9. De suas narinas subiu fumaça, e de sua boca um fogo devorador. Dela
brotavam brasas ardentes.
10. Ele inclinou o céu e desceu, tendo aos pés uma nuvem escura;
11. cavalgou um querubim e voou, planando sobre as asas do vento.
12. Envolveu-se de trevas como tenda, de águas escuras e nuvens espessas.
13. À sua frente, um clarão inflamava granizo e brasas de fogo.
14. Javé trovejou no céu. O Altíssimo fez ouvir a sua voz;
15. atirou suas flechas e dispersou-os, e os expulsou, lançando seus
raios.
16. Então apareceu o leito do mar, as bases do mundo se descobriram, por
causa da ameaça de Javé, pelo vento soprando de suas narinas.
17. Lá do alto, ele manda tomar-se, tirando-me das águas torrenciais;
18. e me livra de um inimigo poderoso, de adversários mais fortes do que
eu.
19. Atacaram-me no dia da minha derrota, mas Javé foi um apoio para mim;
20. fez-me sair para um lugar espaçoso. Libertou-me, porque ele me ama.
21. Javé me trata segundo a minha justiça, e me retribui conforme a
pureza de minhas mãos;
22. pois eu observei os caminhos de Javé, e não fui infiel ao meu Deus.
23. Seus julgamentos estão todos à minha frente, jamais apartei de mim
seus decretos.
24. Sou íntegro para com ele, e me afasto da injustiça.
25. Javé me retribui segundo a minha justiça, e a pureza de minhas mãos,
que ele vê com seus olhos.
26. Com o fiel, tu és fiel; com o íntegro, tu és íntegro;
27. puro com quem é puro; mas com o perverso te mostras astuto.
28. Pois tu salvas o povo pobre, e rebaixas os olhos altivos.
29. Javé, tu és a minha lâmpada! Meu Deus, ilumina minha treva!
30. Sim, contigo eu forço o muro, com meu Deus eu salto a muralha.
31. Deus é perfeito em seu caminho. A palavra de Javé é provada. Ele é um
escudo para todos aqueles que nele se abrigam.
32. Pois, além de Javé, quem é Deus? E quem é rochedo, a não ser o nosso
Deus?
33. Ele é o Deus que me cinge de força, e torna perfeito o meu caminho.
34. Ele iguala meus pés aos pés das corças, e me sustenta em pé nas
alturas.
35. Ele instrui minhas mãos para a guerra, e meu braço para esticar o
arco de bronze.
36. Tu me dás teu escudo salvador, e me atendes sem cessar.
37. Alargas os meus passos, e meus tornozelos não se torcem.
38. Persigo meus inimigos e os alcanço, e não volto atrás sem os ter
destruído.
39. Eu os massacro, e não podem levantar-se; eles caem debaixo de meus
pés.
40. Tu me cinges de força para a guerra, e curvas sob meus pés meus
agressores.
41. Tu me entregas a nuca de meus inimigos, e eu extermino os que me
odeiam.
42. Eles gritam, e não há quem os salve, gritam a Javé, mas ele não
responde.
43. Eu os piso como a poeira das praças; eu os amasso como o barro das
ruas.
44. Tu me livras dos processos dos povos, e me colocas como chefe das
nações. Um povo que eu não conheci me serve,
45. os filhos dos estrangeiros submetem-se a mim, dão-me ouvidos e me
obedecem.
46. Os filhos dos estrangeiros se enfraquecem, e saem tremendo de suas
fortalezas.
47. Viva Javé! Bendito seja o meu Rochedo! Seja exaltado o meu Deus
salvador,
48. o Deus que me concede as vinganças, e submete os povos a mim.
49. Livrando-me de meus inimigos, tu me exaltas sobre os meus agressores,
e me libertas do homem violento.
50. Por isso eu te louvo entre as nações, ó Javé, e canto em honra do teu
nome:
51. "Ele dá grandes vitórias ao seu rei, e age pelo seu ungido com amor,
por Davi e sua descendência para sempre".
[II Samuel 23]II Samuel 23
O REI JUSTO FAZ O POVO VIVER A JUSTIÇA
1. São estas as últimas palavras de Davi: Oráculo de Davi, filho de
Jessé, oráculo do homem que foi exaltado, do ungido do Deus de Jacó, do cantor
de salmos de Israel.
2. O espírito de Javé fala por mim, sua palavra está na minha língua.
3. O Deus de Jacó me falou, a Rocha de Israel me disse: "Quem governa os
homens com justiça e governa conforme o temor de Deus,
4. é como a luz da manhã ao nascer do sol, manhã sem nuvens depois da
chuva, que faz brilhar a grama da terra".
5. Minha casa está firme junto a Deus, pois sua aliança comigo é para
sempre, em tudo ordenada e bem segura. Ele fará prosperar meus desejos de
salvação.
6. Os maus porém serão como espinheiros, que se jogam fora e ninguém
recolhe.
7. Ninguém se aproxima deles, a não ser com o ferro e a madeira da lança,
e com fogo para os queimar.
OS VALENTES DE DAVI
8. São estes os nomes dos valentes de Davi: Isbaal, o haquemonita, chefe
dos Três, que manejou a lança, matando oitocentos de uma só vez.
9. Depois dele, Eleazar, filho de Dodô, o aoíta, um dos três valentes.
Ele estava com Davi em Afes-Domim, quando os filisteus aí se reuniram para o
combate, e os israelitas recuaram.
10. Eleazar, porém, ficou firme, e combateu os filisteus até sua mão
adormecer e ficar grudada na espada. Nesse dia, Javé realizou uma grande
vitória, e o exército voltou depois de Eleazar, mas só para recolher os
despojos.
11. Depois de Eleazar, houve Sama, filho de Ela, o ararita. Os filisteus
se haviam reunido em Queixada, onde havia um campo de lentilhas. O exército
tinha fugido dos filisteus,
12. mas Sama se colocou no meio do campo e o defendeu, vencendo os
filisteus. Javé realizou então uma grande vitória.
13. Três dos Trinta foram a Davi, no começo da colheita, na gruta de
Odolam, quando um destacamento dos filisteus tinha acampado no vale dos Rafaim.
14. Nessa ocasião, Davi estava no refúgio, e a guarnição dos filisteus
acampava em Belém.
15. Davi teve sede e exclamou: "Quem me dera beber água do poço lá da
porta de Belém!"
16. Os três valentes abriram passagem pelo acampamento filisteu, tiraram
água do poço da porta de Belém e a levaram a Davi. Mas Davi não quis beber a
água e a ofereceu em libação a Javé.
17. Ele disse: "Javé me livre de fazer isso! É o sangue dos homens que
foram lá, arriscando a vida". Por isso, não quis beber. Foi isso que fizeram os
três valentes.
18. Abisaí, irmão de Joab e filho de Sárvia, era o chefe dos Trinta.
Manejando sua lança, ele matou trezentos, e ficou famoso entre os Trinta.
19. Ele ficou sendo o mais famoso dos Trinta, e se tornou chefe deles,
mas não fez parte do grupo dos Três.
20. Banaías, filho de Joiada, natural de Cabseel, era homem aguerrido,
pródigo em façanhas: matou os dois moabitas, filhos de Ariel; ele desceu e no
dia da neve matou o leão no poço.
21. Ele matou também um egípcio muito alto, que trazia na mão uma lança:
Banaías o enfrentou com um pedaço de pau, arrancou a lança da mão do egípcio, e
o matou com a própria lança dele.
22. Com essa façanha, Banaías, filho de Joiada, ficou famoso entre os
trinta valentes.
23. Ele foi mais famoso do que os Trinta, mas não fazia parte do grupo
dos Três. Davi o colocou à frente de sua guarda pessoal.
24. Asael, irmão de Joab, estava entre os Trinta. Também faziam parte do
grupo: Elcanã, filho do Dodô, de Belém;
25. Sama, de Harod; Elica, de Harod;
26. Heles, de Bet-Falet; Ira, filho de Aces, de Técua;
27. Abiezer, de Anatot; Sobocai, de Husa;
28. Selmon, de Ao; Maarai, de Netofa;
29. Héled, filho de Baana, de Netofa; Etai, filho de Ribai, de Gabaá de
Benjamim;
30. Banaías, de Faraton; Hedai, das Torrentes de Gaás;
31. Abibaal, de Bet-Arabá; Azmot, de Baurim;
32. Eliaba, de Saalbon; Jasen, de Gimzo;
33. Jônatas, filho de Sama, de Arar; Aiam, filho de Sarar, de Arar;
34. Elifalet, filho de Aasbai, de Bet-Maaca; Eliam, filho de Aquitofel,
de Gilo;
35. Hessai, de Carmel; Farai, de Arab.
36. Igaal, filho de Natã, de Soba; Bani, o gadita;
37. Selec, o amonita; Naarai, de Berot, escudeiro de Joab, filho de
Sárvia;
38. Ira, de Jeter; Gareb, de Jeter;
39. Urias, o heteu. No total, trinta e sete.
[II Samuel 24]II Samuel 24
A TENTAÇÃO DO PODER
1. A ira de Javé se inflamou contra os israelitas e instigou Davi contra
eles: "Vá e faça o recenseamento de Israel e de Judá".
2. Então o rei disse a Joab e aos oficiais do seu exército: "Percorram
todas as tribos de Israel, desde Dã até Bersabéia, e façam o recenseamento do
povo, para que eu saiba quantos são".
3. Joab respondeu ao rei: "Que Javé seu Deus multiplique o povo cem vezes
mais do que é agora, e que o senhor meu rei veja com os próprios olhos! Mas por
que o senhor meu rei quer que isso seja feito?"
4. A ordem do rei, porém, se impôs a Joab e aos oficiais do exército.
Então eles saíram da presença do rei para ir recensear o povo de Israel.
5. Atravessaram o Jordão, e começaram em Aroer e na cidade que fica
dentro do vale, e entre os gaditas, perto de Jazer.
6. Em seguida, foram para Galaad, para o território dos heteus em Cades.
Depois foram para Dã e se dirigiram para Sidônia.
7. Seguiram para a fortaleza de Tiro e para todas as cidades dos heveus e
cananeus. Daí foram para o deserto de Judá, até Bersabéia.
8. Percorreram assim todo o país e, depois de nove meses e vinte dias,
voltaram para Jerusalém.
9. Joab apresentou ao rei o resultado do recenseamento do povo. Em Israel
havia oitocentos mil homens aptos para a guerra, que podiam usar a espada. Em
Judá havia quinhentos mil homens.
10. No entanto, Davi ficou preocupado por ter recenseado o povo, e disse
a Javé: "Cometi um grande pecado! Javé, perdoa essa maldade do teu servo, pois
cometi uma grande loucura!"
11. Quando Davi se levantou de manhã, Javé havia transmitido esta
mensagem ao profeta Gad, vidente de Davi:
12. "Vá e fale a Davi: Assim diz Javé: Proponho a você três coisas;
escolha uma, e eu a executarei".
13. Gad foi até o rei e o informou: "Você prefere três anos de fome no
seu país; fugir três meses de seu inimigo que o perseguirá; ou três dias de
peste para o seu país? Pense e decida o que devo responder àquele que me
enviou".
14. Davi respondeu a Gad: "Estou numa grande angústia! Em todo caso, acho
melhor cair nas mãos de Javé, pois a misericórdia dele é grande, do que cair na
mão dos homens".
15. Então Javé enviou a peste sobre Israel, desde essa manhã até o dia
marcado. De Dã até Bersabéia, morreram setenta mil homens do povo.
16. O anjo estava já com a mão estendida sobre Jerusalém para destruí-la,
quando Javé se arrependeu desse mal, e disse ao anjo que estava exterminando o
povo: "Chega! Agora retire a mão". O anjo de Javé estava junto à eira de Areúna,
o jebuseu.
17. Vendo o anjo que exterminava o povo, Davi disse a Javé: "Fui eu que
pequei. Eu sou o culpado. Que fizeram estas ovelhas? Que a tua mão caia sobre
mim e sobre minha família".
18. Nesse dia, Gad foi dizer a Davi: "Vá construir um altar para Javé na
eira de Areúna, o jebuseu".
19. Então Davi foi, obedecendo à ordem que Javé lhe tinha comunicado
através de Gad.
20. Areúna viu o rei e seus oficiais se aproximando, saiu e se prostrou
diante do rei com o rosto por terra.
21. E perguntou: "Por que o senhor meu rei veio até aqui?" Davi
respondeu: "Para comprar a sua eira, a fim de construir um altar para Javé.
Desse modo, o povo ficará livre da peste".
22. Então Areúna disse ao rei: "Que o senhor meu rei fique com a eira e
ofereça em sacrifício o que achar melhor. Aqui estão os bois para o holocausto,
a grade e a canga dos bois para servir de lenha.
23. O servo do senhor meu rei entrega tudo para o rei". E acrescentou:
"Que Javé seu Deus aceite o sacrifício que o senhor vai oferecer".
24. O rei respondeu a Areúna: "De jeito nenhum! Quero comprar a eira a
troco de dinheiro. Não vou oferecer a Javé meu Deus holocaustos que não me
custem nada". Então Davi comprou a eira e os bois por meio quilo de prata.
25. Construiu aí um altar para Javé e ofereceu holocaustos e sacrifícios
de comunhão. Então Javé se compadeceu do país. E a peste deixou Israel.
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